Mães denunciam filas extensas e espera de mais de 7h na UPA Pediátrica
Pais e filhos foram levados à exaustão com demora para atendimento e liberação de exames
Filas extensas, choros, gritos e até mesmo falta de lugar para se sentar. Esta segunda-feira (1º) marcou um dia bastante conturbado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Pediátrica Dr. Lineu Gonzaga Jaime, localizada no bairro Maracanã, em Anápolis.
Após uma série de denúncias, o Portal 6 esteve presente no local, por volta das 17h30 e constatou a situação alarmante. Com todos os assentos do interior ocupados, assim como as cadeiras do lado de fora, pais, mães e avós aguardavam, exaustos, o atendimento para dezenas de crianças.
Uma mãe, que acompanhava o filho, preferindo manter o anonimato, contou que deu entrada na unidade por volta de 11h, após o pequeno, de pouco mais de um ano, apresentar febre e muita fraqueza. Seis horas depois, ela ainda aguardava a liberação dos exames e um novo atendimento, para determinar o que afligia o bebê.
“A triagem até que não demorou, mas chegou na hora do almoço, ficou quase que travado o atendimento. Falaram lá [apontando para a recepção] que estava em horário de almoço e eram só dois profissionais atendendo, isso com a casa lotada”, denunciou.
Roseni Maria da Silva, de 48 anos, deu entrada na UPA às 10h, mas contou que só foi conseguir atendimento para o neto, Hudson, de apenas 07 anos e com suspeita de dengue, às 16h30, mais de seis horas após ter chegado.
“Me falaram para ficar aqui, porque ia ter que esperar o resultado do exame. Pelo jeito que as coisas estão aqui, eu tenho certeza que antes das 23h eu não saio”, lamentou.
Amanda da Silva Pereira, de 24 anos, também estava em uma situação semelhante. Carregando no colo Anthony, de 09 meses, ela revelou estar desesperada com o pequeno, que apresentava febre alta e diarreia desde a madrugada.
Acompanhando-a, estavam o marido e o outro filho, dormindo no carro, tamanho o desgaste para conseguirem atendimento.
“Meu menino a gente comprou uma pipoca para ele não ficar com fome, mas não tem o que fazer. Vou pedir para eles irem para casa e eu fico aqui, acho que até mais de 22h eu ainda vou estar esperando ainda. Não é justo com meu outro filho ficar aqui nesse descaso”, desabafou.
“A gente se sente frustrado né, pagando imposto certinho e aí quando precisa, é essa bomba”, continuou.
Para Fernanda Aquilo, também aguardando atendimento para o filho Levi, de 01 ano e 07 meses, o sentimento é só um: revolta.
“A saúde tá uma m#rda, prefeito cag0u para a saúde. Podia levantar a bunda, ver o que está acontecendo, mas não, se ele precisar vai na hora para um particular e o pobre que se f#da”, afirmou, bastante irritada.
Apesar das reclamações, todos os entrevistados garantiram que, ao menos, o atendimento por parte da equipe médica, assim que eram admitidos no consultório, era de fato feito de maneira profissional e humana, mas que a demora para tal era insustentável.
O que diz a FUNEV
Em nota ao Portal 6, a Fundação Universitária Evangélica (Funev) informou que o tempo de espera esteve dentro do previsto no protocolo de classificação de risco – sendo em média 50 minutos para pacientes urgentes e de 1h55 para casos pouco urgentes ou sem urgência.
Além disso, ela apontou que a unidade contou com seis médicos até as 17h, e sete médicos a partir das 17h.
Por fim, a Funev indicou que o alto volume de pacientes no período é esperado nesta época do ano, com pico no atendimento de viroses provenientes da volta às aulas e da incidência de dengue.
Confira a nota na íntegra:
A Fundação Universitária Evangélica – Funev, informa que na data de hoje, 01 de abril de 2024, das 7hs até as 18h15, a Upa Pediátrica realizou 448 atendimentos médicos (atendimento e reavaliação).
O tempo de espera esteve dentro do previsto no protocolo de classificação de risco, sendo o tempo médio de atendimento de pacientes amarelos de 50 minutos, azuis e verdes de 1 hora e 55 minutos, com alguns picos pontuais.
Atualmente, além da demanda rotineira, é um período de sazonalidade na pediatria, com pico de atendimento de viroses provenientes da volta as aulas, e período de dengue. Especificamente hoje, o retorno de feriado também gerou impacto no volume de atendimentos.
Destacamos ainda, que o alto volume de pacientes no período, também é observado em outras unidades, tanto municipais e estaduais, quanto em unidades privadas.
Além do dimensionamento padrão, nos momentos de picos de atendimento, na data de hoje, a unidade contou com 6 médicos até as 17h, e 7 médicos a partir das 17h.
Ressaltamos, que o tempo para atendimento previsto no protocolo de classificação de risco, segue a seguinte padronização:
– Vermelho – imediato
– Laranja – <15 minutos
– Amarelo – <60 minutos
– Verde – <3 horas
– Azul – <5 horas
Ressaltamos ainda, que na data de hoje (01 de abril de 2024), os pacientes classificados como azuis e verdes representaram 81% dos pacientes atendidos, e que após a restruturação da atenção primária no Município, estamos trabalhando com uma conscientização para que esses pacientes busquem atendimento nas Unidades Básicas de Saúde, diminuindo a sobrecarga das unidades de urgência e emergência, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, mas que devido a reconhecida resolutividade do serviço, a conscientização vem avançando gradativamente.
Ressaltamos também, o nosso compromisso com a saúde e o bem-estar da população e nos colocamos a disposição.