Oposição anuncia ‘chuva de contestações’ no México após vitória de Sheinbaum

Política anunciou que sua coalizão apresentará impugnações na Justiça contra os resultados

Folhapress Folhapress -
Oposição anuncia ‘chuva de contestações’ no México após vitória de Sheinbaum
Xóchitl Gálvez, política mexicana. (Foto: Captura/Youtube)

MAYARA PAIXÃO

CIDADE DO MÉXICO (FOLHAPRESS) – Xóchitl Gálvez, candidata da oposição à Presidência do México, rapidamente reconheceu sua derrota nas urnas para Claudia Sheinbaum, governista que em 1º de outubro assumirá o comando no país. Mas nesta segunda-feira (3) a política anunciou que sua coalizão apresentará impugnações na Justiça contra os resultados.

Ela se justificou com dois argumentos: disse que a oposição enfrentou “uma competição desigual contra todo o aparato de Estado dedicado a favorecer Sheinbaum” e que “o crime organizado esteve presente ameaçando e inclusive assassinado aspirantes a candidatos”.

Por partes. De fato, imperava no México a ideia de que há pelo menos mais de um ano o país já estava em uma corrida eleitoral. Isso porque Claudia Sheinbaum era anunciada e reverenciada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador como sua possível sucessora já há muito tempo, quando ela ainda estava na chefia da Cidade do México, cargo que abandonou para concorrer à Presidência.

E, do outro lado, essa também foi uma das campanhas eleitorais mais violentas da história mexicana. Levantamento do instituto Laboratório Eleitoral mostra que ao menos 37 aspirantes a cargos políticos foram assassinados no processo eleitoral deste ano.

Muitos outros candidatos andavam escoltados por membros da Guarda Nacional após serem ameaçados ou terem membros de suas famílias ou equipes políticas mortos no processo.

A coalizão que integra Xóchitl, formada pela tríade de partidos mais antigos do México –PRI, PAN e PRD, respectivamente– afirma com frequência que os cartéis de narcotráfico têm relação com o governo de AMLO, como o incumbente do Palácio Nacional é conhecido. Não há provas.

A violência política ocorre especialmente a nível municipal, onde as redes de narcotráfico buscam candidatos favoráveis que lhes permitam ganhar licitações para, por exemplo, trabalhar em obras públicas.

Não ficou claro se uma dessas contestações que a coalizão de Xóchitl fará será a nível da eleição presidencial. Mais de 20,7 mil cargos foram eleitos neste domingo (2), nas maiores eleições da história do país.

A reportagem questionou dois membros do alto escalão da campanha da ex-senadora poucos minutos após ela publicar a informação em seu perfil oficial no X; eles por ora não confirmaram impugnações no pleito para a chefia de Estado.

Um deles, no entanto, falou que sem dúvida alguma haverá “uma chuva de impugnações” e que isso poderia alterar as eleições em alguns municípios.

Além da eleição da governista Claudia Sheinbaum, a coalizão liderada por AMLO, a tríade de partidos Morena, PT (Partido do Trabalho) e PVEM (Partido Verde Ecologista), também obteve maioria nas duas Casas do Congresso, o que facilitará a aprovação de suas reformas polêmicas, como mudar a Suprema Corte, segundo a projeção oficial.

Mais, a aliança teria ganhado em sete das nove disputas pelo governo de estados que estavam em jogo neste domingo. A mais importante delas é a da capital, Cidade do México, onde Clara Brugada ganhou.

Membro do Morena, o partido fundado por AMLO, ela será a segunda mulher a chefiar a capital, depois justamente de Claudia Sheinbaum.

“Reconheci minha derrota ontem porque sou uma democrata e acredito nas instituições”, escreveu Xóchitl Gálvez. “Isso não termina aqui. Apresentaremos impugnações que provem o que estou dizendo e o que todos sabem. E faremos isso porque não podemos permitir que tenhamos outra eleição igual a essa.”

“Hoje, mais do que nunca, devemos defender nossa democracia e república. Os contrapesos e a divisão de poderes seguem em risco.”

Diversos líderes internacionais já reconheceram a vitória de Claudia Sheinbaum desde o anúncio das estimativas do órgão eleitoral. Entre eles, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que lidera a principal economia parceira do México; e o presidente brasileiro, Lula (PT), que falou em uma aliança ideológica.

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