Comércio de cocaína pode render até R$ 335 bilhões a facções no Brasil, diz estudo

Isso equivalente a 4% do PIB do país em 2021

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Comércio de cocaína pode render até R$ 335 bilhões a facções no Brasil, diz estudo
(Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasil)

MATHEUS R. DOS SANTOS – O potencial faturamento das facções criminosas brasileiras com cocaína é de R$ 335 bilhões, algo equivalente a 4% do PIB do país em 2021, aponta um estudo realizado pela Esfera Brasil em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira (25). A informação foi levantada pelas entidades com base em dados do Escritório da ONU para Crimes e Drogas.

Segundo o estudo, esse é o valor que seria alcançado se a substância que passa pelo Brasil fosse exportada para a Europa. Parte da quantidade em circulação da droga, contudo, é consumida no próprio país.

O documento “Segurança Pública e Crime Organizado no Brasil” aponta ao menos 21 atividades legais e ilegais com fluxos ilícitos que passam por regiões brasileiras.

O país tem 72 facções criminosas diferentes, com o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho ocupando respectivamente 23 e 20 unidades da federação.

As duas maiores organizações criminosas do país estão em processo de expansão internacional e ocupam territórios de fronteira com países vizinhos.

O PCC possui grande influência nas fronteiras do Brasil com o Paraguai e a Bolívia, localizadas nas regiões Centro-Oeste e Sul do país. A facção comercializa produtos como maconha, cocaína, cigarros, armas e veículos, além de atuar no garimpo ilegal e ter grande influência em portos e aeroportos e no setor de transportes.

Já o Comando Vermelho atua nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste e trabalha no mercado ilegal de cocaína, maconha, armas, veículos e ouro. Internacionalmente, a Colômbia é o país vizinho do Brasil em que a organização criminosa tem maior influência.

O estudo também aponta que apesar de o Brasil ter mais de 1.500 diferentes dispositivos de segurança pública previstas na Constituição, o combate ao setor é ineficaz. “Não há coordenação federativa capaz, técnica e juridicamente, de integrar informações e otimizar o combate às organizações criminosas”, diz o documento.

Entre as soluções apresentadas pelo estudo, está a aprovação do PL (projeto de lei) Geral de Proteção de Dados de Interesse da Segurança Pública, para regular o compartilhamento de dados em território nacional, e a criação de um comitê interministerial de combate ao crime organizado.

O fortalecimento do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e as regulamentações dos setores de criptoativos e apostas também são alternativas citadas para enfraquecer as facções criminosas.

Com origem no Sudeste, o paulista PCC e o fluminense CV expandiram-se para o Norte na última década. Essa região e o Nordeste lideram a lista de capitais com maiores taxas de homicídios registrados e estimados por 100 mil habitantes, segundo o Atlas da Violência 2024.

Salvador é a capital brasileira com a maior taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes (66,4), seguida por Macapá (55,8), Manaus (55,7), Porto Velho (47,6) e Fortaleza (45,3).

NÚMEROS DO CRIME ORGANIZADO, SEGUNDO O ESTUDO

– 72 diferentes facções criminosas atuam no país, sendo duas delas transnacionais
– R$ 335 bi é o potencial de faturamento das organizações criminosas com a cocaína que passa pelo Brasil, o que equivale a 4% do PIB em 2021
– 23 é o número de estados onde o PCC atua; Comando Vermelho está em 20

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