Desafios e benefícios: especialistas explicam cenários para quem deseja fazer cirurgia bariátrica
Portal 6 ouviu profissionais e paciente pós-operado que detalharam o que é necessário antes e após procedimento
Para parcela da população que enfrenta problemas com obesidade, uma das soluções enxergadas é a realização da cirurgia bariátrica. No entanto, o procedimento não é simples e exige uma verdadeira mudança para o paciente, que passa pelo acompanhamento de vários profissionais.
O Portal 6 ouviu personagens goianos que deram um panorama sobre tudo o que envolve a vida do paciente, desde a intenção até à realização do procedimento de redução do estômago.
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A nutrologia é uma das áreas reivindicadas no processo e é colocada como uma das iniciais. O nutrólogo Heitor Rocha define o perfil do paciente que pode passar pela bariátrica.
“Aquele que tem Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40, ou 35 associada a comorbidades, a exemplo da diabetes e hipertensão grave”, explicou.
Ele relata a necessidade primordial da pessoa ter tentado emagrecer por outros métodos. “Um tratamento clínico de, no mínimo, dois anos com uma equipe multiprofissional, com várias estratégias medicamentosas e não medicamentosas para ajudar esse paciente”, disse.
Segundo o especialista, somente quando esse processo é falho, que é orientada a bariátrica. E após a cirurgia, o nutrólogo também cita ser essencial a continuidade de acompanhamento. “Até para otimizar essa perda de peso, para o paciente chegar no ideal e para que se evite o reganho de peso”, ressaltou.
O nutrólogo cita que é preciso desmentir a ideia de que o procedimento é simples e aponta o passo a passo ideal para quem pensa em passar pela cirurgia. “Ajustar dieta, praticar atividades físicas, preferencialmente supervisionadas, buscar um nutrólogo/endocrinologista e um psicólogo, que precisa emitir uma autorização”, afirmou.
Acompanhamento necessário
A psicóloga Rosy Pinheiro é uma das profissionais que realizam o processo avaliativo pré-bariátrico. Ela cita ser necessário, no mínimo, oito sessões antes da cirurgia. “A gente vê depressão, ansiedade, estresse, como a pessoa se relaciona com a comida, como ela se vê e se tem algum tipo de transtorno”, explicou.
A profissional cita que o acompanhamento é necessário, também, pós-cirurgia. “É aplicado um processo psicoterápico porque o estômago muda, o corpo muda. Fica um estômago de bebê num corpo e mente de pessoa obeso”, exemplifica, mencionando ser necessário seis meses de auxílio.
Rosy cita como preocupantes os casos de pacientes que só vão ao psicólogo para ter a autorização cirúrgica dada pelo profissional. “A pessoa precisa de um apoio familiar, principalmente, pois ela vai sentar à mesa com pessoas que não terão restrições. É preciso ter uma mudança na forma que vê o alimento”, pontua.
Cuidado extra
O gastroenterologista Rafael Ximenes, também presente na cadeia de profissionais necessários ao procedimento, cita uma preocupação extra das bariátricas, visto que tem observado pessoas operadas aumentarem o consumo de bebidas alcoólicas.
“Um cenário preocupante. Muitos desenvolvem cirrose. Nossa impressão é que a bebida, o líquido, desce com mais facilidade no pós-bariátrico. Ele acaba trocando o prazer da comida pelo prazer da bebida. Um perigo”, definiu.
Experiência
O jornalista Pedro Ribeiro passou pelo procedimento há quase cinco anos e falou sobre o que o incentivou a realizar o processo. “Pesa muito a questão de saúde, mas para mim foi por uma questão de aparência, de não me sentir bem com o meu corpo. Além de gostar de esportes e estando gordinho era complicado”, admitiu.
Ele confirmou que passou pelo atendimento multiprofissional citado pelos especialistas. “Foi cerca de dois meses até reunir todos os laudos. Só no psicólogo e nutricionista, fui várias vezes”, explicou.
O jornalista conta como foi a rotina pós-cirúrgica. “Um processo que eu tinha de confiar. Seis meses depois, eu ainda não estava satisfeito com a minha aparência, mas continuei firme”, relatou.
A quem pretende passar pelo processo da bariátrica, ele dá um recado. “A pessoa tem que colocar na cabeça que se continuar com certos comportamentos, a cirurgia não adianta. Tem que ter sacrifício. Um outro estilo de vida. È uma mudança radical”, finalizou.