“Preta, um lixo de gente”: Atendente de telemarketing denuncia racismo e xenofobia sofridos enquanto trabalhava
Polícia Civil vai investigar suspeito, que possui telefone vinculado ao estado de Santa Catarina
Na cidade de Trindade, situada na região metropolitana de Goiânia, um caso de injúria racial tem provocado comoção e indignação. Uma assistente de telemarketing, de 29 anos, foi alvo de ataques racistas e xenofóbicos enquanto exercia atividades profissionais. Os insultos ocorreram durante e após uma ligação com um cliente, culminando no registro de um boletim de ocorrência pela vítima.
A vítima relatou que as chamadas são realizadas de forma automática pelo sistema da empresa onde trabalha, o que levou a uma ligação acidental para o número de um homem não identificado no cadastro. O indivíduo, irritado, iniciou uma série de xingamentos, incluindo expressões de teor racista e depreciativo. A profissional tentou encerrar a ligação, mas o sistema retornou ao mesmo número, intensificando a situação.
De acordo com o boletim de ocorrência, o agressor utilizou termos como “preta”, “nordestina” e “pobre”, além de afirmar ser superior devido à aparência e condição financeira. Os áudios enviados pelo aplicativo de mensagens reforçaram o caráter preconceituoso e violento do discurso. Em uma das mensagens, ele disse: “Você é horrível, um lixo de gente, e faz um trabalho vergonhoso”, entre outros insultos.
Abalada emocionalmente, a jovem buscou apoio dos colegas de trabalho após o episódio. Segundo ela, as palavras proferidas causaram um grande impacto ao psicológico, especialmente pelo fato de nunca ter vivenciado situações semelhantes antes. “Afeta profundamente o emocional ser tratada dessa forma, como se minha cor ou minha condição financeira definissem meu valor como pessoa”, desabafou, ao G1.
O caso foi registrado na Delegacia de Trindade sob as tipificações de injúria simples e injúria racial, conforme o artigo 140 do Código Penal, com agravante previsto pela Lei 14.532/2023. As autoridades iniciaram as investigações para identificar e responsabilizar o autor das ofensas, que utilizava um número de telefone vinculado ao estado de Santa Catarina.
Ao G1, a assistente de telemarketing ressaltou que busca justiça não apenas para si, mas para evitar que situações semelhantes afetem outras pessoas, especialmente suas filhas. “Não podemos normalizar esse tipo de comportamento. Quero acreditar que esse episódio servirá de exemplo para coibir o racismo e a xenofobia”, afirmou.
O caso segue sendo apurado pela Polícia Civil (PC), e a vítima conta com o apoio de entidades que combatem o racismo e promovem a igualdade racial.