Governo Trump planeja cortar mais US$ 1 bilhão no financiamento a Harvard, diz jornal
Presidente tem pressionado as principais universidades dos EUA, alegando que elas lidaram mal com os protestos pró-Palestina do ano anterior


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio à escalada de ataques do presidente Donald Trump a instituições acadêmicas, o governo dos Estados Unidos avalia cortar mais US$ 1 bilhão no financiamento da Universidade Harvard, informou no domingo (20) o Wall Street Journal.
De acordo com a publicação, o novo contingenciamento afetaria a verba federal destinada a pesquisas na área da saúde. Caso se confirme, o montante se somaria ao congelamento de US$ 2,2 bilhões em verba para a universidade e mais US$ 60 milhões em contratos.
Pessoas familiarizadas com o assunto disseram ao Wall Street Journal que a Casa Branca ficou furiosa após gestores de Harvard tornarem pública uma carta enviada em 11 de abril em que o governo lista suas exigências para manter o financiamento da instituição.
A carta de advogados do governo foi enviada antes que funcionários do Executivo pudessem aprová-la ou autorizar sua divulgação, de acordo com o New York Times.
Três dias após o recebimento do documento, Harvard rejeitou as exigências, alegando que implicariam ceder ao governo federal o controle sobre processos de contratação, admissões e diretrizes acadêmicas da universidade.
“A universidade não renunciará a sua independência nem abrirá mão de seus direitos constitucionais. As demandas do governo vão além do poder da gestão federal”, afirmou na ocasião o reitor da instituição, Alan Garber.
Posteriormente, o governo Trump congelou US$ 2,2 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) em financiamento para Harvard e ameaçou retirar seu status de isenção fiscal e tirar a permissão da universidade para matricular estudantes estrangeiros. Também exigiu informações sobre vínculos estrangeiros da universidade, bem como de seus alunos e professores.
Desde sua posse em janeiro, Trump tem pressionado as principais universidades dos EUA, alegando que elas lidaram mal com os protestos pró-Palestina do ano anterior e permitiram que o antissemitismo se espalhasse nos campi. Manifestantes, incluindo alguns grupos judeus, dizem que suas críticas às ações de Israel em Gaza estão sendo equivocadamente confundidas com antissemitismo.
A Universidade Columbia foi um dos primeiros alvos, mas nas últimas semanas o foco se voltou para Harvard, onde o governo busca supervisionar o corpo discente, o corpo docente e o currículo, numa aparente tentativa de conter o que percebe como um viés liberal da universidade.
“Harvard nem sequer pode ser considerada um lugar decente de aprendizagem e não deveria figurar em nenhuma lista das melhores universidades do mundo”, escreveu Trump na quarta-feira (15) em sua plataforma, a Truth Social. “Harvard é uma piada, ensina ódio e estupidez, e não deveria receber fundos federais.”
Ao contrário de Harvard, a Universidade Columbia, foco dos protestos pró-Palestina no país, cedeu em parte à pressão do republicano e aceitou uma série de demandas relativas ao controle do campus, como a autorização para detenções dentro dos limites da universidade e a intervenção na gestão do departamento de estudos sobre Oriente Médio, retirando o órgão do controle docente.
A instituição foi duramente criticada no meio acadêmico por essa decisão -críticos dizem que ela só encoraja o governo a ampliar seus ataques.