Goiás aciona o STF e acusa Tocantins de “tomar” parte de território goiano

"Conflito" teve origem em um erro de nomenclatura em documentação elaborada ainda na década de 1970

Davi Galvão Davi Galvão -
Área está sendo disputada judicialmente entre Goiás e Tocantins. (Foto: Divulgação/PGE)
Área está sendo disputada judicialmente entre Goiás e Tocantins. (Foto: Divulgação/PGE)

O Governo de Goiás, por meio da Procuradoria-Geral do Estado (PGE-GO), ingressou com uma Ação Cível Originária (ACO) no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que o Estado do Tocantins desocupe uma área localizada ao norte do município de Cavalcante, conhecida como “Quilombo Kalunga dos Morros”.

Segundo a PGE, a região, que pertence constitucionalmente a Goiás, vem sendo ocupada de forma irregular pelo Tocantins.

De acordo com a ação, o território em disputa soma cerca de 12,9 mil hectares (129 km²) e tem recebido serviços públicos tocantinenses, além da instalação de um portal turístico no “Complexo do Canjica”, situado dentro da área contestada.

A procuradoria sustenta que a situação fere a organização político-administrativa do país e teve origem em um erro de nomenclatura na Carta Topográfica “São José”, elaborada em 1977 pela Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) do Exército Brasileiro.

O equívoco ocorreu quando o Ribeirão Ouro Fino foi identificado incorretamente como Rio da Prata, o que gerou confusão sobre os limites entre os dois estados.

Consequências

O erro cartográfico, conforme a PGE, vem provocando impactos sociais, fundiários, eleitorais e tributários.

Em consequência, parte da população de Cavalcante deixou de ser contabilizada no último Censo do IBGE, o que reduziu o repasse de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

O procurador-geral do Estado, Rafael Arruda, que assina a ação, destaca que Goiás tentou resolver a situação por meio de tratativas com a DSG/Exército, o IBGE e o governo do Tocantins, mas sem sucesso.

Com base em levantamentos técnicos realizados pela própria PGE e pelo Instituto Mauro Borges (IMB), o Estado solicitou ao STF o reconhecimento da área como pertencente a Goiás, a desocupação imediata do território pelo Tocantins e a retificação dos limites oficiais.

Segundo Arruda, “a ação não se restringe à tutela de um interesse local ou patrimonial, mas representa o restabelecimento da verdade geográfica e jurídica sobre o território nacional, em estrita observância ao desenho federativo traçado pela Constituição Federal”.

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Davi Galvão

Davi Galvão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Atua como repórter no Portal 6, com base em Anápolis, mas atento aos principais acontecimentos do cotidiano em todo o estado de Goiás. Produz reportagens que informam, orientam e traduzem os fatos que impactam diretamente a vida da população.

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