Conheça a cidade goiana cujos cristais já foram exportados para a Europa desde quando era povoado

Município carrega história, paisagens deslumbrantes e cotidiano pacato em equilíbrio

Natália Sezil Natália Sezil -
Linda Serra dos Topázios e Lagoa dos Cristais, na cidade de Cristalina.
Linda Serra dos Topázios e Lagoa dos Cristais, na cidade de Cristalina. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Cristalina e Lagoa dos Cristais/Google Maps)

Existe uma cidade goiana que, por vezes, acaba passando batido – mas, na verdade, sempre esteve relacionada aos imigrantes e à exportação de cristais preciosos à Europa. Chamado de “Capital Goiana dos Cristais”, esse município tem história para contar.

Tudo começou em 1797, quando o local que viria a ser Cristalina, no Entorno do Distrito Federal (DF), passou a ser chamado “Serra dos Cristais”, por conta do Cristal de Rocha. O minério, ainda com baixo valor, não chegou a chamar atenção à época.

Um médico austríaco até visitou o local em 1818, acompanhando a comitiva de dona Leopoldina, filha do imperador da Áustria. Ele ouviu falar das riquezas, mas sem muitos resultados, segundo a Administração Municipal.

Foi somente mais de meio século depois, em 1879, que o quartzo vindo da Serra dos Cristais ganhou notoriedade. Os franceses Etiene Lapesqueur e Leon Laboissére moravam na cidade vizinha e receberam uma quantia do minério.

Cristais foram encontrados em abundância.

Cristais foram encontrados em abundância. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Cristalina)

Eles mandaram para a França e descobriram se tratar de um material vendido a um bom preço. A partir daí, estabeleceram povoado e fizeram uma fortuna. A pureza e a qualidade do cristal passaram a enfeitar as salas da nascente burguesia industrial e a conquistar a Europa.

Em 1818, a dupla vai pessoalmente até a Serra dos Cristais, que fica popular entre garimpeiros. Tropas de burros se tornam o início de um longo caminho: levam o minério para Paracatu, e dali para o Rio de Janeiro.

O quartzo, então, embarca para o outro continente, onde é distribuído nos grandes centros de lapidação. Alemanha, Itália e Bélgica entram na rota do cristal.

Mesmo assim, a primeira casa do povoado surge apenas anos depois, em 1883, pelas mãos de outro francês. Depois, a futura Cristalina – denominada Arraial de São Sebastião da Serra dos Cristais – recebe uma pequena colônia alemã.

Em 1901, é elevada a distrito e se torna São Sebastião dos Cristais. Em pouco tempo, passa a “figurar como um dos recantos mais pacatos do mundo, onde os habitantes se conheciam intimamente, parecendo pertencerem todos a uma só família na mais doce harmonia”.

Pedra do Chapéu do Sol, em Cristalina.

Pedra do Chapéu do Sol, em Cristalina. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Cristalina)

O município, mesmo, surge em 1917, quando várias pessoas chegam no mesmo período. O nome só se torna oficialmente Cristalina em 1918.

Hoje, a economia da cidade não depende tanto da exportação de cristais, embora a atividade ainda seja muito importante. O alto número de nascentes e rios, por exemplo, tronou possível o avanço da agricultura por irrigação, que avança mesmo na época sem chuvas.

O turismo também se destaca: a história é celebrada na Igreja de São Sebastião e no Mercado do Cristal. Já o Cerrado e o ecoturismo são protagonistas na Linda Serra dos Topázios, no Parque Natural Praia das Lajes e na Lagoa dos Cristais.

Além disso, Cristalina conta com a Pedra do Chapéu do Sol, eleita uma das sete maravilhas do Estado de Goiás. O motivo surpreende: um enorme bloco de granito que pesa mais de 100 toneladas está equilibrado há milhões de anos em uma base de 40 cm de diâmetro.

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Natália Sezil

Natália Sezil

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás, é estagiária do Portal 6 e atua na cobertura do cotidiano. Apaixonada por boas histórias, gosta de ouvir as pessoas, entender contextos e transformar relatos em narrativas que informam e conectam o público.

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