Entenda o que são as chamadas “pautas-bombas” do Congresso Nacional
Diante da baixa popularidade da presidente Dilma Rousseff e dos escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras e figuras ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT), como o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, a base aliada no Congresso Nacional já não é mais tão coesa. O governo encontra-se apreensivo diante da votação das chamadas “pautas-bomba”, que são projetos de lei que podem impactar as contas públicas, dificultando a redução de gastos prevista para que a meta fiscal seja atingida.
Especialistas vêm apontando que se o governo não conseguir cumprir a meta de superavit primário, que é o resultado positivo de todas as receitas e despesas do governo, excetuando gastos com pagamento de juros, a crise pode se agravar, com o aumento da inflação e a queda da confiança do mercado.
Diante da recessão econômica, o governo chegou a anunciar um esforço para economizar R$ 66,3 bilhões (1,1% do PIB) em maio para fazer frente ao baixo volume de arrecadação de tributos e manter a dívida pública sob controle. No entanto, há cerca de um mês reduziu a meta dessa poupança para R$ 8,747 bilhões (0,15% do PIB).
Queda de braço
Na tarde de ontem (5), o Ministério do Planejamento divulgou nota afirmando que será de R$ 9,9 bilhões o impacto fiscal do conjunto das PECs (propostas de emenda constitucional) que vinculam a remuneração de carreiras do Executivo ao salário de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
O apelo feito por Barbosa, no entanto, parece não ter surtido efeito. Na madrugada de hoje (6), Por 445 votos a favor e 16 contra, a Câmara aprovou em primeiro turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 443/09) que vincula os salários de advogados públicos e delegados de polícia à remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que é R$ 33,7 mil. O texto aprovado, feito pela comissão especial que analisou a proposta antes de ir a plenário, estabelece índice de 90,25% para a maior remuneração de cada carreira. A medida cria por si só um impacto de R$ 2,4 bilhões ao ano no orçamento da União, segundo cálculos do Ministério do Planejamento.
Próximas pautas-bombas
Entre as propostas que preocupam o governo e que estão na pauta do Congresso Nacional, estão projetos que tratam sobre aspectos do orçamento, arrecadação e aumento de salários. Conheça os principais deles:
– Correção do FGTS: o projeto pretende equiparar o rendimento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), de 3% ao ano mais TR (Taxa Referencial), ao da poupança, 6,17% ao ano mais TR para os depósitos feitos a partir de 2016. A medida não influenciaria diretamente nas contas do governo, mas traria aumento no custo da construção civil. O governo estima um impacto de R$ 10 bilhões
– DRU: o governo enviou um projeto que prorroga e amplia o mecanismo que dá maior liberdade no manejo orçamentário, a chamada DRU (Desvinculação de Receitas da União). O Congresso, no entanto, está levando a pauta em banho-maria. Segundo o governo, o impacto da não aprovação do projeto fica da casa dos R$ 121,7 bilhões.
– Regularização de recursos no exterior: o governo previa arrecadar R$ 11,4 bilhões com o projeto que objetiva regularizar recursos no exterior não declarados. A votação que era esperada para julho, foi adiada para agosto, e corre o risco de não sair mais.
– Vetos de Dilma: os parlamentares podem derrubar os vetos de Dilma Rousseff que freavam gastos, como o reajuste dos servidores da Justiça Federal. O impacto estimado da derrubada dos vetos da presidente é de R$ 25,7 bilhões.
– Salário dos policiais militares: o projeto que amplia o salário dos policiais militares em todo o país aumentaria em R$ 60 bilhões os gastos do governo;
– Revisão da desoneração da folha de pagamento: a proposta diminui pela metade a desoneração da folha de pagamento, representando para o governo uma economia estimada em R$ 10 bilhões por ano.
Outras preocupações
Além dessas propostas, o governo também se encontra apreensivo com pautas que representam perdas políticas e podem até influenciar a governabilidade. Dentre elas, destacam-se a do pacto federativo, que proíbe que a União delegue serviços a estados e municípios sem garantir as verbas necessárias para sua execução e conta com apoio maciço de prefeitos e governadores; a reforma política; a redução da maioridade penal e a análise das contas do primeiro mandato da presidente Dilma Roussef.
Com informações da Agência Brasil, Câmara Notícias e do Ministério do Planejamento.