Mini Centro Administrativo será instalado no Clube e não no Parque Ipiranga
Boato dizendo o contrário tem sido propagado nas redes socais. Além de três secretarias, local também abrigará o Jardim Botânico e terá catalogação de árvores antigas e aves ameaçadas de extinção
Era manhã de sexta-feira (25) quando o prefeito Roberto Naves (PTB) chegou ao mausoléu que se tornou o antigo Clube Ipiranga, abandonado há vários anos para servir como criadouro do mosquito da dengue e ruir com a ação do tempo. Ao lado do portão, já bem enferrujado, subia ainda uma pequena fumaça da fogueira acendida de madrugada por algum morador de rua.
Junto com Roberto, uma comitiva de assessores, vereadores e auxiliares próximos apontavam para o teto e as paredes ressaltando as vantagens que as intervenções no local trarão à administração e a comunidade em geral. A intenção da Prefeitura é restaurar aquele prédio e abrigar nele as secretarias de Meio Ambiente, Saúde e Educação – todas mantidas em repartições alugadas que custam aos cofres públicos mais de R$ 360 mil ao ano.
Boato
A ida do prefeito ao Clube Ipiranga foi acertada um dia antes com a convocação de uma coletiva de imprensa para desmentir boatos levados dois dias antes para dentro da Câmara Municipal e ecoados pela oposição solitária do ex-prefeito Antônio Gomide (PT).
Do alto da tribuna, o vereador mais bem votado do último pleito pausara o discurso nacional que manteve nos últimos meses para questionar ‘por que a atual gestão quer construir três pesadas secretarias no Parque Ipiranga’ e não em outras áreas públicas da cidade. Dai em diante uma ofensiva de pouca ressonância, mas de muita gritaria, começou a ser promovida pela militância petista nas redes sociais e internet.
A clara intenção do grupo era a de provocar na população uma comoção pela defesa do parque, construído na primeira gestão Gomide (2008-2012) e que acabou se tornando um dos principais cartões postais da cidade.
“Vai ter algum impacto nas árvores, no meio ambiente? Porque ontem vi dizendo que árvores seriam retiradas, cortadas…”, perguntou o repórter Lucivan Machado, da Rádio Manchester.
“Zero!”, interrompeu Roberto.
“As pessoas que realmente não querem que a cidade dê certo vão continuar dessa forma. Falaram no começo que eu não ia pagar professor, que eu não ia pagar folha de salário. Depois falaram que eu ia cortar não sei o quê. Depois falaram que eu não ia dar conta disso. Continuam na mesma linha! Eles não querem que a cidade dê certo. Então, nesse ponto, o que nós estamos fazendo é trabalhando. O projeto já está pronto. É só olhar o projeto para ver se tem derrubada de alguma árvore. Não tem derrubada de árvore, não tem nada no Parque Ipiranga. É no clube Ipiranga”, emendou.
“Não vai ter nada no parque?”, questionou Lucivan.
“Vai ter a reforma. Porque o material que foi usado nas pontes, as vigas que foram utilizadas para fazer as pontes e ai usando os microfones da rádio, usaram como viga para fazer as pontes, e as vezes a população acha que é só a tábua que está podre. Não é não. As vigas debaixo foram feitas de tábua colada. No Parque Ipiranga o que nós vamos fazer é reformar o parque, melhorar o parque”, prometeu o prefeito.
Jardim Botânico
Após gravar entrevista com outros profissionais da imprensa, o alcaide foi para dentro da mata que fica nos arredores do Clube Ipiranga para explicar que pretende construir ali o Jardim Botânico e desenvolver nessa área de proteção ambiental um programa de catalogação de árvores e de aves ameaçadas de extinção que já foram vistas nas mediações.
O novo parque será ainda usado para estreitar o contato de alunos da rede municipal de ensino com o meio ambiente, a partir de visitas guiadas, para ensinar às crianças noções de botânicas e preservação.
As obras, segundo Roberto, serão bancadas com recursos oriundos do programa Goiás na Frente, do Governo Estadual, e devem iniciadar nos próximos meses para conclusão ao final do ano que vem.
Ainda segundo o prefeito, estudos de impacto de trânsito e de vizinhança já estão em desenvolvimento.
“Toda e qualquer obra só é autorizada depois do estudo de impacto de trânsito. Então, apesar de ser a Prefeitura Municipal de Anápolis, na nossa administração nós levamos isso em consideração. Aqui está sendo feito e está terminando de fazer o estudo de impacto de vizinhança e o estudo de impacto de trânsito também. Nós não vamos fazer nada que complique o trânsito dessa região”, garantiu.
Em tempo
A discussões sobre o aproveitamento da área do Clube Ipiranga, objeto de reclamação dos moradores que moram nas proximidades, não é recente.
Na gestão João Gomes (ex-PT) cogitou-se diversas alternativas para o local, como entregá-lo para o SindiAnápolis (ideia repelida pela direção do sindicato), construir um Centro Esportivo avançado – que abrigaria a Secretaria Municipal de Esportes – e até mesmo levar para lá a Secretaria Municipal de Obras.
Essas ideias, porém, nunca foram combatidas publicamente pelo partido enquanto esteve na situação. Nem mesmo quando autorizado a construção de prédios enormes, com apartamentos de até R$ 2 milhões, em frente ao Parque Ipiranga, para moradores de alto poder aquisitivo e restaurantes de culinária refinada.