Polícia Civil divulga mensagens reveladoras sobre caso do menino Henry, morto no Rio
Padrasto e a mãe do garoto foram presos temporariamente e devem ser responder por homicídio duplamente qualificado
Júlia Barbon, do RJ – Mensagens da babá de Henry Borel, 4, morto há cerca de um mês, indicam que o menino sofria agressões reiteradas pelo vereador Dr. Jairinho (Solidariedade).
Ele e a mãe do garoto, a professora Monique Medeiros, foram presos temporariamente na manhã desta quinta (8) e são investigados por homicídio doloso.
A conversa ocorreu no dia 12 de fevereiro e foi encontada no celular da mãe de Henry. A funcionária diz que a criança relatou que o padrasto o pegou pelo braço, lhe deu uma banda (rasteira) e o chutou.
Também avisa à mãe que o garoto estava mancando e que não deixou que ela lavasse sua cabeça porque estava com dor na hora do banho.
“É sempre no seu quarto”, ela escreveu em uma das mensagens, de acordo com o delegado responsável, Henrique Damasceno.
A babá também afirma a Monique que Henry dizia ser ameaçado pelo vereador, com frases do tipo “se você contar eu vou te pegar, você está prejudicando a vida da sua mãe”.
“Não há a menor dúvida de que a mãe não só se omitiu, como como também aceitou esse resultado. Se manteve firme ao lado dele apresentando uma versão absolutamente mentirosa”, disse Damasceno em entrevista coletiva nesta quinta (8).
O casal foi detido pela manhã na casa de uma tia de Jairinho, em Bangu (zona oeste carioca), endereço diverso dos apresentados à polícia durante as investigações. Quando a polícia chegou, eles tentaram se desfazer de dois celulares.
“Quando entramos, o casal tentou se desfazer dos celulares atirando os mesmos pela janela. Mas conseguimos recuperá-los. Eles foram encontrados no mesmo quarto e não esboçaram nenhuma resistência à prisão”, disse a delegada assistenta Ana Carolina Medeiros.
A polícia também apreendeu nesta quinta o celular da babá Thaina Ferreira, no qual fará novas perícias. A mulher disse em depoimento que começou a trabalhar na casa do casal em janeiro por indicação da mãe, que já era faxineira da família. Ela pode futuramente ser indiciada por falso testemunho.
“Ficou bastante evidenciado que ela mentiu para a gente. Ao invés de narrar qualquer incidente, falou que a relação da família era uma relação harmoniosa”, afirmou, acrescentando que as razões para isso ainda serão apuradas.
A dinâmica e as motivações das agressões e da morte de Henry ainda não foram esclarecidas. Os investigadores frisaram que o inquérito ainda não foi encerrado e justificaram a prisão temporária pela tentativa de atrapalhar as investigações.
Eles disseram que até agora não há indícios de que testemunhas teriam sido ameaçadas, inclusive Monique. Eles confirmaram que a mãe de Henry foi ao cabelereiro no dia seguinte à morte do filho.
Também comentaram que Jairinho tentou acelerar a liberação do corpo de Henry naquela madrugada, mas que não houve qualquer interferência. Ele chegou a contatar um alto executivo da área da saúde que não teve sua identidade divulgada.
“Existe uma conversa por WhatsApp e inúmeras tentativas de chamada em que o padrasto pedia que corpo não fosse enviado ao IML, que fosse atestado o óbito no proprio hospital”, afirmou o delegado.
O vereador escreveu que o ideal seria liberar o corpo para que se pudesse “virar logo essa página”. Agora, a polícia aguarda a conclusão e a análise de outros laudos, que contêm “uma quantidade muito grande de informações”.
O caso contribuiu para que um software especial para analisar dados telemáticos, que estava em negociação há dois anos, fosse comprado.