A quantidade assustadora de pessoas que tomaram a 1ª dose de vacina contra a Covid e não apareceram para a 2º

Dados foram divulgados nesta terça-feira (13)

Folhapress Folhapress -
A quantidade assustadora de pessoas que tomaram a 1ª dose de vacina contra a Covid e não apareceram para a 2º
Vacinação contra a Covid-19, em Anápolis. (Foto: Bruno Velasco)

Natália Cancian, do DF – Levantamento feito pelo Ministério da Saúde aponta que ao menos 1,5 milhão de pessoas que tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid não completaram o esquema vacinal com a segunda dose.

Agora, a previsão da pasta é elaborar estratégias com estados e municípios para chegar até os possíveis não imunizados e garantir a proteção desse grupo. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (13).

Segundo a coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações), Francieli Fontana, a orientação é que mesmo aqueles que já passaram do prazo para receber a segunda dose ainda busquem a vacinação, sob risco de comprometer a proteção caso não o fizerem.

“Fizemos uma análise para entender as pessoas que deveriam ter completado o esquema vacinal. Mesmo que vença o prazo, a orientação é que completem o esquema. Quem atrasou e não conseguiu ir com 28 dias [da segunda dose da Coronavac] ou 84 dias da AstraZeneca deve comparecer [às salas de vacinação].”

Segundo ela, o balanço considerou essas datas para chegar ao número daqueles que ainda estão sem a segunda dose.

“Fizemos um levantamento contando esses dias [do prazo para a segunda dose] e temos para completar a segunda dose 1,5 milhão de brasileiros que já deveriam ter completado. Esse é o total que estaria no tempo para a segunda dose; os outros ainda estão no prazo para chegar. Vamos emitir uma lista com números e discutir uma estratégia para buscar essas pessoas”, disse a coordenadora.

A conta do governo é diferente da levantada por reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo apontou que ao menos 500 mil pessoas ainda não tinham recebido a segunda dose.

Isso corre porque a reportagem, além de considerar apenas os dados da Coronavac porque o intervalo exigido para a vacina da AstraZeneca só será atingido a partir do final deste mês, levou em conta, além dos 28 dias previstos para a segunda inoculação, um intervalo de tolerância de até 15 dias de atraso para completar a imunização, totalizando 43 dias -o governo, por sua vez, considerou rigidamente a data prevista de aplicação e observou quem cumpriu os 28 dias.

Logo, de acordo com o ministério, os dados envolvem todos aqueles que deveriam ter tomado a segunda dose, mas ainda não o fizeram.

A divulgação dos dados do ministério ocorreu em encontro do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, com jornalistas.

Questionado sobre quando o Brasil poderia atingir a capacidade máxima de vacinação do PNI, prevista em 2,4 milhões de doses por dia, o ministro evitou dar metas. “Tenho um xará que é o Quiroga, um astrólogo, e sou médico. Com as doses que tenho aí, não temos condição de estabelecer prazos”, disse.

Ainda segundo o ministro, a pasta avalia estratégias para tentar acelerar a vacinação. Entre as medidas em análise, estão obter doses prontas de fornecedores com entrega ainda para o primeiro semestre ou buscar uma espécie de “troca” e antecipação de doses com outros países que estão mais adiantados na vacinação e fecharam contratos com fornecedores semelhantes.

O governo também avalia ampliar o atual contrato com a Pfizer, que hoje prevê oferta de 100 milhões de doses. A maior parte dessa oferta, no entanto, ocorre no segundo semestre.

A medida ocorre após o governo negar, ao menos três vezes ainda em 2020, propostas da farmacêutica para obter 70 milhões de doses do imunizante, as quais previam entregas ainda em dezembro.

Ainda segundo o ministro, a pasta tem feito conversas com a Organização Mundial de Saúde para tentar adiantar as entregas de doses do consórcio Covax Facility, as quais têm sido alvo de atrasos.

Queiroga já havia admitido, em entrevista à Folha de S.Paulo nesta segunda (12), a dificuldade em acelerar a vacinação, ponto que ele tem considerado como sua principal bandeira na pasta. Segundo ele, há possibilidade de que o país enfrente cenário de oferta irregular de doses até o segundo semestre.

Saúde avalia protocolo para transporte público

Além das medidas ligadas à vacinação, o ministro também citou em encontro nesta terça a intenção de fazer uma espécie de “protocolo sanitário” contra a Covid em transportes públicos. De acordo com a equipe da pasta, a ideia é que a medida indique uma orientação a esses locais.

“Estamos discutindo qual o melhor formato, talvez uma portaria conjunta com o Ministério de Desenvolvimento Regional, por ser uma das pastas responsáveis pelo assunto, ou um manual, mas lembrando que é em caráter orientativo, porque o governo federal não tem como determinar regras em transportes urbanos”, disse o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz.

Segundo ele, uma das medidas que podem ser incluídas como sugestão no protocolo é o uso de testes de antígenos, que são considerados mais rápidos em comparação ao PCR, modelo tido como padrão-ouro para a testagem.

“Queremos ver uma estratégia para retomada da mobilidade. E a partir daí definiríamos quem seria testado, se motoristas, alguns passageiros”, disse.

A medida deve fazer parte de um conjunto de documentos que visam, segundo Queiroga, “evitar que se chegue a cenários extremos” -em referência ao lockdown. “Vários estados fizeram medidas restritivas e o resultado não foi o esperado. Há dificuldade de adesão”, afirma.

“O Brasil é um país continental e uma medida linear e homogênea seguramente não vai funcionar. Queremos disciplinar determinadas condutas. O uso de máscara é uma das medidas, e a disciplina em transportes urbanos também é importante.”

No encontro, Queiroga disse ainda que tem se reunido com prefeitos e governadores para discutir demandas para enfrentamento da Covid. Ele fez críticas indiretas à parte dos pedidos, como a abertura de hospitais de campanha.

“O Ministério da Saúde virou um grande almoxarifado. Pedem kits de intubação, oxigênio, habilitação de leitos de UTI e pedem que habilite hospitais de campanha. Sabemos do impacto dos hospitais de campanha, e para paciente grave ali não tem resultado. Habilitar leitos sem profissionais qualificados não vai mudar o desfecho em relação ao enfrentamento da epidemia. O que muda é avançar na campanha de vacinação e apertar nas medidas que diminuem a circulação do vírus”, disse.

Segundo ele, a pasta planeja ofertar, junto com entidades médicas, vagas para formar 300 médicos intensivistas. Ele não deu detalhes da iniciativa.

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