A decisão do Google que causa inveja em quem está se sacrificando na pandemia

Google foi uma das primeiras grandes empresas globais a determinar que os funcionários trabalhassem de casa no início da crise de Covid-19

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A decisão do Google que causa inveja em quem está se sacrificando na pandemia
(Foto: Reprodução)

Paula Soprana, de SP – O Google foi uma das primeiras grandes empresas globais a determinar que os funcionários trabalhassem de casa no início da crise de Covid-19. Quinze meses depois, a companhia planeja que o escritório seja usado, em média, apenas três dias por semana pela maioria dos cerca de 140 mil empregados.

Sundar Pichai, presidente-executivo da Alphabet, controladora do Google, afirma que o futuro do trabalho será de flexibilidade aos que tiverem a opção de fazer home office.

“As pessoas irão ao escritório com mais propósito, numa média de três vezes por semana, o que vai garantir mais flexibilidade. Quando forem ao escritório, irão com intenção específica. Estamos com esse modelo em mente”, disse o executivo em um encontro virtual com um grupo de oito jornalistas na noite de quarta-feira (26), uma semana após o evento de desenvolvedores da companhia.

O plano, já anunciado internamente no início deste mês, prevê que 60% da força de trabalho permaneça no escritório de antes da pandemia, com trabalho presencial de três dias por semana, 20% opte por explorar outros escritórios do Google, em qualquer lugar do mundo, também por três dias, e 20% trabalhe de forma remota durante toda a semana.

Essa dinâmica de intercâmbio, segundo Pichai, é uma oportunidade para aumentar a diversidade na companhia e garantir que as pessoas que moram mais afastadas dos escritórios, em especial nas grandes cidades, possam se deslocar apenas quando for necessário.

Durante a conversa, o executivo, que está no comando do Google desde 2015, detalhou anúncios recentes feitos pela empresa de tecnologia e respondeu a perguntas sobre regulação. Amazon, Google e Facebook estão no centro de discussões de autoridades reguladoras em diversos países.

Pichai afirmou que a companhia irá respeitar as novas e polêmicas regras de internet na Índia, que entraram em vigor na segunda (24).

“Respeitamos leis locais nos países em que operamos”, afirmou. “Explicamos a todos a importância da informação, promovendo o fluxo livre de informação, mas respeitamos os processos legislativos e a soberania de países democráticos e trabalhamos para nos adaptar”, acrescentou Pichai, que é indiano.

A Índia criou normas que acabam com a garantia de criptografia de ponta a ponta e obrigam empresas a rastrear conteúdo em aplicativos de mensagens. A lei levou o WhatsApp a processar o governo local.

Já a Austrália determinou em fevereiro que big techs paguem por notícias de veículos de comunicação disseminadas em suas plataformas, uma forma de reequilibrar a receita perdida por empresas jornalísticas para empresas como Google e Facebook, que agregam a maior parte dos anunciantes publicitários.

“O Google vê o jornalismo como uma das fundações da democracia”, afirmou Pichai. O processo na Austrália foi “importante e construtivo”, nas suas palavras. “Trabalhamos duro para chegar ao certo, que é apoiar a nova lei.”

No ano passado, o Google anunciou US$ 1 bilhão em parcerias com veículos e iniciativas de fomento ao jornalismo, além de verba para coibir a disseminação de informações equivocadas sobre a Covid-19.

Em seu último balanço, no fim de abril, a Alphabet registrou uma receita bruta de US$ 55,3 bilhões, um crescimento de 34% sobre o balanço anterior. O lucro da companhia é de US$ 17,9 bilhões.

Já nos Estados Unidos, o Google é alvo de três processos de antitruste por ter posição dominante em múltiplos mercados. “As pessoas escolhem o Google porque criamos um produto que é valioso e vemos como beneficia a economia. Vemos o benefício que dá a pequenos negócios, às pessoas e à sociedade”, disse Pichai.

No campo de regulação de IA (inteligência artificial), o Google articula junto a outras gigantes de tecnologia, como IBM e Microsoft, a adoção de princípios éticos para o desenvolvimento e uso de sistemas inteligentes.

O executivo diz que cada região do mundo se aproxima do tema à sua maneira, mas que vê consenso para a defesa de padrões como segurança, privacidade, justiça e ausência de viés, a fim de evitar discriminações de raça e gênero, por exemplo. Para ele, é possível chegar a um padrão global de ética em inteligência artificial que sirva de modelo para a indústria.

Pichai reforçou que a privacidade se tornou uma preocupação mais forte da empresa, que tem inserido configurações avançadas de proteção por default de seus serviços. O executivo refutou, por exemplo, o armazenamento de dados de indivíduos para o direcionamento de publicidade.

“O anúncio não precisa conhecer o indivíduo. O vendedor do carro precisa saber que determinar pessoa se interessa em carro, mas não deve saber quem ela é, seu nome.”

Durante a conferência de desenvolvedores, na semana passada, a companhia anunciou mudanças de privacidade na próxima versão do Android, sistema operacional instalado em 3 bilhões de aparelhos no mundo.

Em relação aos lançamentos, o presidente do Google também elencou que companhia mira o aperfeiçoamento da leitura e tradução de imagens a partir do Google Lens, sistema de busca por fotos, a evolução da inteligência artificial para o sistema de busca, a customização do Google Maps, entre outros. A empresa recém inaugurou um campus para a computação quântica, em Santa Bárbara, na Califórnia.

“Estamos criando a habilidade de os computadores verem o mundo de forma mais holística”, disse.

Ele não deu uma data para que os novos recursos sejam incorporados aos produtos, mas deixou claro o que espera: que seja possível “caminhar por Tóquio pelo Google Maps e saber qual o menu desse restaurante”. “Queremos que seja possível fazer perguntas como essa, estamos trabalhando nisso.”

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