Saiba quais vacinas devem estar em dia na caderneta de imunização de adultos e idosos
Mesmo com maior número de vacinas durante a infância, o calendário vacinal deve estar em dia também na fase adulta para evitar o desenvolvimento de doenças mais comuns
Gabriela Bonin, de SP – Muitas doenças foram erradicadas ou deixaram de ser um problema de saúde pública por causa da vacinação em massa da população. Mesmo com maior número de vacinas durante a infância, o calendário vacinal deve estar em dia também na fase adulta para evitar o desenvolvimento de doenças mais comuns, como gripes, ou até mais graves, como cânceres.
A vacina contra o influenza, vírus que causa a gripe, deve ser tomada uma vez por ano na vida adulta. Geralmente entre abril e julho, a vacina é oferecida gratuitamente na rede pública para adultos do grupo de risco, professores, profissionais da saúde e idosos.
Outra vacina do calendário que não pode ser esquecida é a chamada dupla adulto (dT), que protege contra difteria e tétano e conta com um reforço a cada dez anos. A orientação é que a primeira dose seja tomada na adolescência, a partir de 15 anos de idade, e as doses de reforço aconteçam de década em década.
“Hoje, nas clínicas privadas, há a recomendação de fazer um desses reforços com a vacina que é contra difteria, tétano e coqueluche também [tríplice bacteriana]”, explica Max Igor Banks Ferreira Lopes, infectologista do Hospital Santa Catarina.
O médico também reforça a importância de que o adulto reponha lacunas de vacinação da infância. Para a vacina da tríplice viral -contra sarampo, caxumba e rubéola- são necessárias duas doses, que são garantidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até os 29 anos. Entre 30 e 29 anos, segundo a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), uma dose é oferecida gratuitamente na rede pública.
A vacinação contra a febre amarela deve ser realizada, caso não tenha sido, em uma dose única que é oferecida pelo SUS. O mesmo vale para as vacinas contra hepatite A e B. As três doses contra hepatite B estão na rede pública, enquanto as duas contra o tipo A são restritas à rede particular.
“Existe uma vacina combinada para hepatite A e B também. Hoje, a vacinação para hepatite B é de indicação universal no país, disponível no SUS e, muito provavelmente, qualquer um com mais de 30 anos não tomou na infância. Entre 20 e 30 anos, algumas também não devem ter tomado”, diz o infectologista do Santa Catarina.
A imunização contra HPV é , do mesmo modo que as anteriores, importante na vida adulta. Apesar de fazer parte do calendário vacinal de crianças e adolescentes, a vacina pode ser encontrada na rede privada e previne o câncer de colo do útero, da vulva, da vagina, do ânus e verrugas genitais.
A SBIm recomenda a vacinação de mulheres de 9 a 45 anos de idade e homens de 9 a 26 anos, o mais precocemente possível. Homens e mulheres em idades fora dessa faixa também podem ser beneficiados com a vacinação, de acordo com critério médico.
“Para pessoas que já foram infectadas pelo vírus HPV, fica indicado também o uso da vacinação para prevenção de formas graves do HPV”, complementa Raquel Muarrek, infectologista da Rede D’Or.
Por último, as vacinas meningocócicas (ACWY e B) são recomendadas para adultos em algumas situações específicas, a depender do risco epidemiológico e individual. É importante checar a necessidade com um médico, já que as doses são restritas à rede privada.
Para saber se seu calendário vacinal está em dia, no caso de ter perdido a caderneta ou não se lembrar das doses tomadas, postos de saúde e médicos especialistas podem ajudar. “Algumas vacinas, do Plano Nacional de Imunização, têm seu registro nos postos de saúde”, explica Muarrek.
Segundo a infectologista, no caso de vacinas oferecidas por clínicas privadas, é possível realizar uma avaliação médica com exames sorológicos para verificar o quanto de imunidade a pessoa tem e readequar a carteira vacinal.
Idosos devem se atentar a gripe, pneumonia e herpes zóster Dentre as vacinas de rotina indicadas pela Socidade Brasileira de Imunizações (SBIm) para maiores de 60 anos, estão algumas doses recomendadas para adultos, como a dupla adulto a cada dez anos e a gripe anualmente. Além dessas, se destacam também as vacinas antipneumocócicas e da herpes zóster.
Segundo a SBIm, existe um risco aumentado de formas graves e óbito por influenza a partir de 60 anos de idade, o que faz com que a vacina da gripe seja ainda mais importante de ser tomada todo ano nessa faixa etária.
A proteção contra pneumonia também é essencial. “Existem duas vacinas pneumocócicas, uma que chamamos de conjugada [VPC13] e outra polissacarídica [VPP23]. A partir dos 60 anos, está prevista a polissacarídica na rede pública, mas existe um esquema combinando a conjugada e ela”, explica Max Igor Banks Ferreira Lopes, infectologista do Hospital Santa Catarina.
A recomendação citada pelo médico e divulgada pela SBIm é da realização da primeira dose da vacina conjugada aos 60 anos, seguida pela primeira dose da pneumocócica polissacarídica após seis meses e um reforço da VPP23 após cinco anos.
Além destas, a vacina contra herpes zóster, infecção causada pelo mesmo vírus da catapora, também é indicada na faixa etária. A dose única é recomendada mesmo para aqueles que já desenvolveram a doença, mas não é oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS), apenas em clínicas privadas.
SAIBA MAIS
Vacinação de adultos e idosos
Caderneta de vacinação entre 20 e 59 anos
Influenza (gripe):
Recomendação: tomar uma vez por ano
Disponível na rede pública: sim (para grupo de risco, gestantes, trabalhadores da saúde e professores)
Observação: há dois tipos de vacina, trivalente e quadrivalente. A quadrivalente traz proteção a um tipo extra de vírus da gripe e só está disponível na rede particular.
Dupla adulto (difteria e tétano) ou tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche):
Recomendação: tomar reforço a cada dez anos após primeira dose feita geralmente aos 15 anos
Disponível na rede pública: sim
Observação: caso não tenha tomado a primeira dose entre 15 e 20 anos, o adulto deve buscar se imunizar e, depois, seguir o reforço a cada dez anos.
Meningocócicas ACWY e B (meningite):
Recomendação: tomar uma dose da ACWY e duas doses da B
Disponível na rede pública: não, apenas privada
Observação: as vacinas fazem parte do calendário infantil, mas, por terem sido adicionadas recentemente e restritas à rede particular, muitos adultos não tomaram quando crianças
HPV:
Recomendação: tomar as três doses em qualquer idade adulta, caso não tenha tomado na adolescência
Disponível na rede pública: não, apenas privada
Observação: vacina recomendada mesmo para adultos previamente infectados pelo vírus HPV
Caderneta de vacinação para maiores de 60 anos
Influenza (gripe):
Recomendação: tomar uma vez por ano
Disponível na rede pública: sim
Observação: há dois tipos de vacina, trivalente e quadrivalente. A quadrivalente traz proteção a um tipo extra de vírus da gripe e só está disponível na rede particular.
Herpes zóster:
Recomendação: dose única após os 60 anos
Disponível na rede pública: não, apenas privada
Observação: vacina recomendada mesmo para aqueles que já desenvolveram a doença
Pneumocócica (pneumonia – VPP23):
Recomendação: primeira dose ao completar 60 anos e reforço após cinco anos
Disponível na rede pública: sim
Observação: Há outra vacina pneumocócica chamada de conjugada (VPC13), que não está disponível na rede pública, mas pode ser tomada a partir dos 60 anos em um esquema combinado com a VPP23
Vacinas que também devem ser tomadas se o adulto não as recebeu na infância:
Febre amarela
Hepatite A e B
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
Varicela (catapora)*
*Buscar um médico antes de se vacinar para verificar se é necessária a imunização
“Não lembro se tomei certa vacina ou perdi minha caderneta de vacinação. O que fazer?”
Se for uma vacina tomada na rede pública, busque um posto de saúde para verificar os registros no sistema e receber orientações. No caso da rede privada, busque um médico infectologista ou imunologista para fazer uma avaliação médica e exames de sorologia para a readequação da carteira vacinal.
Fontes: Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm); Max Igor Banks Ferreira Lopes, infectologista do Hospital Santa Catarina; e Raquel Muarrek, infectologista da Rede D’Or.