A permanente crise energética de Anápolis

Márcio Corrêa Márcio Corrêa -

Vivemos a iminência de apagões no Brasil até o final do ano, fruto da crise energética, que combina escassez de chuvas com falta de investimentos em geração e distribuição de energia. É um problema que pode arrastar a economia brasileira para baixo num patamar ainda pior do que temos experimentado nos últimos tempos. Mas quem vive e trabalha em Anápolis sabe que as condições do fornecimento de energia elétrica deixam a desejar há muitos anos, por outras questões estruturais. E nos últimos dias tenho ouvido diversos relatos de aumento da quedas de energia, além de enfrentar o problema na pele.

O mais grave é que podemos viver nos próximos meses a soma de dois fatores negativos: a geração de energia insuficiente no sistema elétrico nacional com uma rede de distribuição que deixa muito a desejar na nossa cidade. Em 2020, quem mora na cidade de Anápolis ficou uma média de 21,87 horas sem energia elétrica em casa ou no trabalho, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Na zona rural a situação é pior. A média de interrupções foi de 43 horas no ano passado.

O fato de Anápolis ter como base da sua economia a indústria, setor econômico que demanda um gasto enorme de energia, é um componente relevante nesse cenário difícil. Na verdade, temos sido extremamente prejudicados com uma infraestrutura energética bem aquém da necessária há mais de uma década. Dezenas de indústrias de grande porte que tinham intenção de se instalar aqui nos últimos anos, e que poderiam estar gerando empregos e riquezas para a cidade, abandonaram a ideia, segundo lideranças do setor produtivo.

Recentemente o presidente da Codego, órgão governamental que administra o nosso Daia, admitiu que o problema do fornecimento de energia ainda não tem uma solução no curto prazo. E a entidade que congrega as empresas que ficam no distrito agroindustrial já alertou que a expansão da área para instalar novas empresas pode ter efeito zero se não for resolvida a questão energética e também de abastecimento de água (outro gargalo histórico de Anápolis). Perdemos assim competitividade em relação a outros municípios de vocação industrial num momento em que nossa economia não nos permite dar ao luxo de desperdiçar uma única vaga de emprego.

Procuro ter sempre uma visão otimista das coisas, pois acredito muito que essa postura ajuda a criar soluções. Mas não vejo hoje como superar esse gargalo no curto e médio prazos. Já perdemos tempo demais. Se os governos não se mexerem rápido para cobrar da Enel os investimentos necessários para estabilizar nossa distribuição de energia, vamos sofrer muito mais os impactos de crise energética que se avizinha e tampouco estaremos prontos para sair dela quando a geração de energia no País se estabilizar. Não estou falando só de ficar sem luz em casa, o que já é um grande transtorno, mas de vermos nossa economia encolher muito mais do que deveria.

Márcio Corrêa é empresário e odontólogo. Preside o Diretório Municipal do MDB em AnápolisEscreve todas as segundas-feiras. Siga-o no Instagram.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Portal 6.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade