Covid-19 pode acelerar presença de superbactérias como as que causaram interdição no Hugo

Quarentena na UTI do hospital, um dos maiores de Goiás, levanta discussão sobre o tema

Karina Ribeiro Karina Ribeiro -
Foto noturna de um dos maiores hospitais públicos de Goiás. (Foto; Divulgação)

O surto de superbactérias que obrigou a interdição de uma ala do Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo) – um dos maiores hospitais públicos de Goiás – não é um caso raro.

Entretanto, coloca uma lupa sobre um problema que aflige estudiosos da área.

A tendência é de que a presença desses microorganismos se torne cada vez mais corriqueiros e a pandemia da Covid-19 tem contribuição para esse fator.

Esse é o panorama apontado por especialistas na área.

Em entrevista ao Portal 6, a doutora e pesquisadora do laboratório de bacteriologia aplicada da Universidade Federal de Goiás (UFG), Juliana Lamaro Cardoso, explica que nos últimos dois anos os hospitais estiveram mais cheios, pessoas ficaram mais debilitadas e o consumo de antibiótico também foi ampliado.

“Com certeza intensificou os casos de bactérias resistentes que já existiam. A aglomeração contribui para mais transmissões cruzadas”, diz.

Ela revela que as duas bactérias identificadas no hospital – Acinetobacter e KPC – estão na lista das 12 mais críticas levantadas por um artigo científico de 2012.

“São patógenos que já convivem conosco, mas com resistência a diversos medicamentos e produtos”, diz.

Inclusive, alerta também que o uso indiscriminado de defensivos na agricultura e pecuária como fatores catalisadores do avanço desses patógenos.

Segundo o infectologista, Marcelo Daher, a forma como a superbactéria vai agir no corpo depende muito do sistema imunológico de cada um.

“Elas são oportunistas. Dependendo do caso, pode não ocorrer nada como, em outros, causar um comprometimento muito grande”, diz.

Como exemplos, cita pacientes que sofrem com queimaduras ou fraturas expostas.

Entenda o caso

Sete de 10 pacientes hospitalizados numa UTI do Hospital Estadual de Urgências de Goiás (Hugo), foram diagnosticados com bactérias mais resistentes – sendo a KPC e a acinetobacker.

O local precisou ser isolado, passar por desinfecção e assepsia para evitar que os casos se alastrem pela unidade.
A manifestação da bactéria ocorreu no último dia 27.

Os pacientes foram transferidos para outros departamentos do hospital e alguns já receberam alta da UTI e demais seguem tratamento.

Conforme o Hugo, a ala seguiu em quarentena até segunda-feira (4), retomando a normalidade nessa terça-feira (5).

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