Pílulas contra a Covid-19: especialista da UFG tira as principais dúvidas sobre o surgimento dos remédios
Embora ainda vistos com desconfiança, medicamentos podem ser "luz no fim do túnel" para redução de mortes pela doença
O surgimento de pílulas contra a Covid-19 causou impacto na comunidade científica e na população em geral, que agora pode vislumbrar um horizonte mais otimista em relação ao fim da pandemia.
Contudo, ainda há certa desconfiança em relação à eficiência de tais remédios e como que as medicações se comportam ao enfrentar o vírus, que efeitos causam no paciente e se elas poderiam substituir as vacinas no tratamento da doença.
O Portal 6 entrou em contato com Ana Paula Kipnis, especialista em imunologia e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), para entender melhor como estes medicamentos agem no corpo e quão eficaz eles são nos pacientes.
Como as pílulas atuam
A professora explicou que os remédios combatem a reprodução do vírus, impedindo que eles se multipliquem no corpo da pessoa contaminada.
Contudo, há diferenças entre as pílulas desenvolvidas pelas farmacêuticas.
O medicamento da MSD, chamado de monulpiravir, já está em fase de aprovação emergencial, para que possa ser distribuída com maior velocidade entre os países.
O estudo publicado pela empresa afirma que houve redução de aproximadamente 50% das internações nos hospitais onde foi testado o remédio. Contudo, ele apresenta um agravante.
“[A medicação] exige que se faça um acompanhamento do paciente, porque ela acabou gerando efeitos colaterais nos voluntários”, explica Kipnis.
Já a paxlovid, pílula desenvolvida pela Pfizer, ainda não teve seu estudo oficialmente publicado. Contudo, a imunologista afirmou que se trata de um medicamento promissor, caso se confirme o que foi noticiado.
De acordo com o que foi divulgado pela farmacêutica, o remédio diminuiu em 89% as internações dos pacientes sintomáticos que foram receitados com a pílula.
Modo de uso
Os testes das empresas foram feitos em voluntários que já estavam com a Covid sintomática, portanto, ainda não há indícios de que o uso prévio do remédio evite a contaminação.
O monulpiravir foi ministrado com duas doses diárias por cinco dias seguidos, para surtir efeito nos pacientes.
Administrado de forma semelhante, o paxlovid também foi desenvolvido para se tomar duas vezes ao dia, mas com um período de tempo entre cinco a dez dias.
Fim da pandemia?
A professora Ana Paula Kipnis explicou à reportagem do Portal 6 que a pessoa vacinada que tomar o remédio “com certeza terá uma proteção maior contra a doença”.
Contudo, ainda não dá para afirmar se os medicamentos podem substituir a vacinação obrigatória na população, já que os estudos não informaram se os pacientes testados já haviam recebido doses de imunizantes contra a Covid-19.
Contudo, ela vê com bons olhos o desenvolvimento de tais medicações para reduzir os danos causados pela doença.
“É muito difícil dizer que a pandemia vai acabar de uma vez só, mas vai reduzir bastante o número de mortos, tendo remédios dessa natureza. É uma luz para reduzir bastante o número de mortos que ainda temos”, concluiu.
Ana Paula também apontou que a distribuição dos remédios pelo Sistema Único de Saúde (SUS) seria o modelo ideal, aqui no Brasil, para que o remédio pudesse ser acessado em larga escala pela população e fosse eficiente no combate à pandemia que ainda vigora no mundo.