“Meu pai está preso e minha mãe morta!” Feminicídio: há saída?
– Doutor, tem uma ocorrência. Um homem matou uma mulher!
Uma hora da manhã, recebi essa comunicação. De imediato, entramos em estado de alerta. Nesse caso, fiz questão de ir com a equipe no local do crime. A ideia era observar não o fato em si, mas a reação das pessoas envolvidas.
Com essa motivação de ler o comportamento daqueles, chegamos para buscarmos o corpo da vítima, fazermos a perícia do ambiente e transportarmos para o IML, a fim de realizarmos a necropsia.
A história resumidamente é uma mulher que fora morta após inúmeras facadas, executadas pelo próprio marido na residência do casal.
No Brasil, durante a pandemia, três mulheres foram vítimas de feminicídios por dia. Leiam o trabalho do Projeto Colabora: “Um vírus e duas guerras”
Ao chegar naquele lugar, observei uma pessoa revoltada com a situação e com a conclusão de que o agressor, mesmo sem justificativa para aquele ataque mortal, era um trabalhador, com as mãos calejadas e roupa já descorada da lida do dia. Ali tinha outro, que a todo instante balançava a cabeça, não entendendo o porquê de tamanha fúria. Mas do filho, já adulto, foi a reação mais dura. Com um semblante abatido falou: “A situação é essa! Meu pai preso e minha mãe morta!”
A sinceridade da fala e a mensagem no olhar do filho, ensinou a nossa experiente equipe e a mim, uma aplicação relevante que quero compartilhar com vocês leitores: alegria, fúria, raiva, ciúmes, tristeza, medo, ânimo, preocupação… Assuma o controle da sua vida, com inteligência emocional. Do contrário, o resultado será prejuízo, dor e morte.
José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo PSB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.
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