Perrengues e desilusões; goianos contam o ‘lado b’ da vida no exterior
Trabalhando por longas horas e recebendo baixos salários, experiência vivida por imigrantes é vista como ilusão
A vontade de mudar de vida e conquistar a tão sonhada estabilidade financeira são alguns dos principais motivos apontados por goianos que escolheram migrar para outro país.
No entanto, ao desembarcar no destino final, longas horas de trabalho, salários baixos e funções de difíceis desempenho entram na rotina e geram desilusões para os aspirantes a uma vida melhor.
Uma das goianas vítimas do “desencanto” foi a estudante de jornalismo Cíntia Almeida (nome fictício), de 35 anos. Ao Portal 6, ela conta que a decisão de morar em Portugal partiu pela ambição em mudar de vida.
“Eu fui morar em Portugal depois que sofri uma desilusão amorosa, mas também porque eu vi que trabalhava muito aqui no Brasil, mas não ganhava o suficiente”, afirma. A decisão ocorreu em 2006, quando foi morar sozinha no país.
Mas o que viveu gerou frustração. “Eu trabalhei como auxiliar de cozinha e entrava às 08h e saia às 15h, voltava às 18h e trabalhava até às 23h e o salário que eu recebia era pouquíssimo”, relembra.
De acordo com a estudante, os custos com as despesas mensais como aluguel, água e energia, consumiam praticamente toda a renda mensal.
“Por lá, a gente tem que pagar apartamento e, às vezes, ainda dividir o aluguel com gente desconhecida para conseguir lidar com a despesa. Não é bem aquele sonho que as pessoas falam”, diz. A solidão é outro ponto desfavorável comentado pela jornalista.
A goiana voltou para o país em 2019, com dois filhos e após se separar do marido. “Não compensava eu continuar lá com dois filhos. Não tinha como eu morar com as duas crianças, pagar as despesas e receber apenas 600 euros”, explica.
A esteticista Paula Martins, de 38 anos, também foi uma das goianas a migrar para o exterior. Morando na Geórgia, nos Estados Unidos, há quase três anos, as dificuldades enfrentadas por ela também não são poucas.
“Eu vim para cá por razões financeiras e porque eu queria mudar de vida. Eu não tinha tantas expectativas, mas a gente sempre chega pensando que tem uma árvore de dólar em cada esquina e não é bem assim”, brinca.
De acordo com a profissional, o custo de vida no local aumentou consideravelmente, o que dificultou a estadia dela no país.
“Tudo aqui aumentou muito. Os aluguéis aumentaram absurdamente, a gasolina está muito acima. Há um ano atrás eu gastava cerca de 30 dólares para encher o meu tanque, hoje eu gasto 48 dólares. É uma porcentagem muito alta em pouco tempo”, revela.
Mesmo com as complicações econômicas vividas no lugar, Paula afirma que prefere continuar no país e não tem planos de voltar para o Brasil.