Anapolino vê na natação chance de deixar realidade dura para trás e ser destaque internacional
Alan Walisson, de 16 anos, vai representar o Brasil na Argentina após grande performance nacional
O anapolino Alan Walisson Aguiar Pereira, de 16 anos, não se deixou abater pelas dificuldades financeiras, lutou pelos sonhos e vai agora representar o estado no Meeting Paralímpico, competição internacional marcada para acontecer entre os dias 18 e 24 de setembro, em Buenos Aires, na Argentina.
O adolescente não tem os membros superiores e encontrou na natação, logo que chegou a Anápolis, a possibilidade de um futuro melhor.
Natural de Carutapera, no Maranhão, o rapaz se mudou para a cidade aos 09 anos, junto com seis irmãos, o pai e a mãe.
Já em Anápolis, Alan deu início à carreira de nadador por meio do projeto social Esporte em Ação, que lhe deu a primeira oportunidade.
“A professora dele, Silvana, foi introduzindo a natação na vida dele e desde os nove anos, ela já colocou ele em um campeonato Estadual, em Jataí. Nesse campeonato, ele já conseguiu ganhar o primeiro lugar, mesmo com pouco treino ele já teve um destaque”, contou orgulhosa a atual treinadora, Anna Clara Souza Sobral.
A partir desta primeira oportunidade, a paixão pelo esporte foi crescendo cada vez mais no jovem, que continuou lutando pelo grande sonho.
Em 2020, o nadador conheceu Anna Clara, que rapidamente percebeu o potencial que ele tinha e decidiu treiná-lo, já voltado para um treino profissional, como ele desejava.
“Com 14 anos, na época, ele falou para mim que queria ser o melhor, ir para campeonatos grandes”, relatou.
Com o início da pandemia, não houve nenhuma grande competição, porém, os treinos seguiram firmes até que ele pôde voltar com tudo já em 2021.
“Em 2021, a gente levou ele para um campeonato regional, onde ele pegou o primeiro lugar em todas as provas que nadou. Depois, ele foi para as Paralimpíadas Escolares, de nível nacional, e se destacou novamente pegando segundo lugar em todas as categorias”, contou.
Alan e a família sofrem com problemas financeiros e têm dificuldade até para comprar o básico. No entanto, a luta do adolescente pelos sonhos é inspiradora. Depois da performance nacional, conseguiu ser convocado para o campeonato internacional, o primeiro de sua breve carreira.
“Ele ficou muito emocionado, chorou, porque a gente não estava esperando mesmo. A gente foi para o campeonato nacional com a expectativa de conseguir uma classificação internacional, mas era para o Pan-Americano que vai ser ano que vem, e pode ser que ele consiga também”, contou.
Luta por nova realidade
As dificuldades do cotidiano fazem da competição um oásis para Alan sonhar com o futuro. O jovem mira chegar um dia às Paralimpíadas e este é o primeiro passo.
“Ele está muito empolgado, animado mesmo, até porque quando ele vai nessas competições é o período que ele mais come bem, se diverte e sai um pouco da realidade que ele vive. É um período de muita alegria para o Alan, porque aí ele tem um suporte mínimo de sobrevivência, que as vezes a gente pensa que é coisa básica, mas ele não tem”, completou.
Focados na vitória, o jovem e a treinadora seguem com os treinos pesados e com os olhos brilhando pensando neste sonho que agora segue em terras internacionais.