Construção da nova sede da Câmara de Anápolis pode se arrastar na Justiça
Moradores da região apontam transtornos que a obra pode causar se o projeto realmente sair do papel
Desde que o vereador Domingos Paula (PV) anunciou o projeto para construção de uma nova sede da Câmara Municipal, uma intensa polêmica que pode até se arrastar na Justiça foi iniciada. Isso porque o objetivo é de que a Casa de Leis se instale no Anápolis City, bairro planejado para ser exclusivamente residencial.
Segundo o parlamentar, a Prefeitura já teria disponibilizado uma área pública para abrigar o prédio. A expectativa é de que as obras custem em torno de R$ 20 milhões.
Todavia, a novidade não está sendo vista com bons olhos pelos moradores da região escolhida, assim como profissionais urbanísticos.
Ao Portal 6, a arquiteta e urbanista Regina Faria explicou que a construção naquela localidade iria desvirtuar os fins previstos pelo Plano Diretor e pela legislação brasileira.
“Conforme previsto pelo Plano Diretor e pela legislação brasileira, em todos os loteamentos do município deve ter áreas públicas, onde se devem construir escolas, posto de saúde, creche, enfim. Com a construção da sede, isso está sendo desvirtuado”, pontuou.
Por outro lado, Cristiane Oliveira, representante da Associação dos Moradores do Anápolis City, aponta que a população teme que as obras da nova sede do Poder Legislativo cause infortúnios que possam afetar a todos.
“Somos contra essa construção porque nossa segurança e nossas vias de trânsito serão totalmente impactadas, trazendo bastante transtornos para todos nós”, afirmou.
Fernando Guimarães, presidente da Associação de Moradores do Anápolis City destacou que um ponto importante que impede tal mudança são as próprias normas criadas visando o desenvolvimento do residencial.
“O bairro foi criado em 1969 com um projeto bem avançado, bastante moderno para a época em que foi criado. Uma das coisas que deixou ele avançado desse jeito foi justamente o fato de que foi dividido para setores, ou seja, as quadras certas para comércio, para instituições filantrópicas, o local certo para o posto de gasolina”, ponderou.
“Essa área que a Câmara está em cima é uma área verde, para ser uma praça e com a finalidade de no meio dela ter um parque infantil. Então, para começar, onde vai ser construído não é área comercial, além de ser destinada para a construção de um parque. A Prefeitura está doando para a Câmara para fazer esse prédio lá, o que já está errado porque é uma área verde”, completou.
Diante da insatisfação, os moradores estão se reunindo com o intuito de buscar as melhores soluções para resolver o imbróglio, não sendo descartada a possibilidade de levar o caso à Justiça se preciso for.
“Nosso bairro é residencial, incompatível com instalação de sede de Câmara ou qualquer outro prédio! E para finalizar, a área doada pela Prefeitura é uma área verde, local que não deve ser afetado para construção!! Vamos acionar o Ministério Público (MP)”, expôs Juliena Delmonico Barros.
Vale ressaltar que a área verde preservada é outra grande preocupação dos moradores, levando em consideração principalmente que ali vivem inúmeros animais que constituem a flora local, como micos, macacos e gaviões. Acolhidos pela população, alguns bichinhos possuem até mesmo nome, como é o caso da macaca Chica, que recebe diariamente alimento.
À reportagem, José Borges Rodrigues reforçou que este tipo de construção a população rejeita, apontando quais as verdadeiras reivindicações que o local precisa.
“Creio que aqui no bairro é unanimidade: Não queremos em hipótese alguma, que se construa esse prédio da Câmara aqui. Dizem que a construção trará melhorias para o bairro, esse tipo de “melhorias”, não queremos e nem nos interessa. O que queremos são parques ecológicos, praças e pistas de caminhada, isso não temos”, pontuou.
A maior indignação dos anapolinos ocorre principalmente devido ao fato de que a escolha do local e aprovação do projeto no Anápolis City se deu sem que qualquer pessoa fosse antes consultada, gerando uma dor de cabeça maior do que a esperada.