Empresária que teve casa arrombada por policiais revela estar abalada: “sentimento aterrorizante”
Ao Portal 6, jovem revelou detalhes sobre momento da invasão e apontou que já tomou medidas contra os agentes
Um dia após ser acordada aos gritos e com uma arma apontada para a cabeça no setor Industrial Santo Antônio, em Aparecida de Goiânia, a empresária Tainá Fontenele, de 28 anos, conversou com o Portal 6 e relatou que se sente “aterrorizada”.
“Na hora a gente fica com o sangue quente e não vê a real situação, mas agora fica um sentimento aterrorizante, só pensei nos meus filhos”, apontou a moradora.
A jovem, que é mãe de duas crianças, foi surpreendida com policiais civis que arrombaram o portão da casa dela para cumprir um mandado de prisão, ainda na madrugada desta quinta-feira (11).
“A gente estava dormindo e o interfone da minha casa tocou, aí eu abri a janela e perguntei quem seria e eles gritaram falando ‘só abre, abre, abre aí’. Em seguida eu falei que não ia abrir, porque não sabia quem era”, explicou a moradora.
Assustada com a situação, Tainá decidiu acordar o marido, que foi até o portão da casa para tentar dialogar com o suposto invasor.
Segundo a jovem, eles suspeitaram que a movimentação seria de criminosos, até que ela olhou pelas câmeras de segurança da residência, e notou que, na verdade, eram policiais.
“Meu marido pediu para que eles se identificassem e eles disseram que não iriam, e que tinham um mandado de busca”, completou.
O esposo ainda teria tentado perguntar aos agentes sobre quem eles estavam procurando. Contudo, eles não responderam e arrombaram o portão com violência.
Com o barulho, os filhos do casal, uma menina, de 09 anos, e um bebê de três meses, acordaram assustados e chorando.
“Aí eu peguei o celular e saí gravando, até que ela [a policial] já vira a já apontou a arma na minha direção e falou ‘está presa'”, detalhou, aterrorizada.
Segundo Tainá, a criança mais velha teria se levantado, e pegou o filho menor no colo para tentar protegê-lo, tampando a arma.
“Na hora que eu pus a mão, ela veio para cima de mim segurando meu pescoço pra me afastar. E eu fiquei perguntando a todo momento quem era, quem eles estavam procurando, falando que eles estavam na casa errada, procurando a pessoa errada”, explicou.
Quem é Jennifer Nayara?
Conforme mostrado no vídeo que ela mesma gravou, Tainá ainda tenta chamar uma advogada, que seria uma vizinha conhecida dela, para ajudar na situação.
Após muita discussão, um agente da Delegacia Estadual de Investigação Criminal (Deic) revelou o nome da pessoa que procuravam: Jennifer Nayara.
Depois disso, a empresária chega a questionar quem seria essa pessoa e afirma não ter ninguém ali com esse nome.
Só que aí acontece uma reviravolta na história. A profissional acionada pela jovem seria justamente Jennifer, o alvo da investigação.
Assim, a advogada acabou sendo presa preventivamente no local. No entanto, ainda não foi revelado os motivos pelos quais ela era procurada.
Ao Portal 6, Tainá disse que conhecia Jennifer apenas de uma forma vaga. Isso porque a jovem já teria conversado com a mãe da advogada, que mora ao lado, e teria comentado uma vez sobre a profissão da filha.
Próximas ações
Por fim, a empresária ainda destacou que precisou arcar com todos os custos do portão quebrado, e disse que já acionou o Ministério Público de Goiás (MPGO) para investigar a situação.
Retaliação
Em uma nota emitida à imprensa nesta sexta-feira (12), o Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol) afirmou que entrará com medidas jurídicas contra veículos que divulgaram a imagem de agentes que arrombaram o portão da casa errada, em Aparecida de Goiânia.
No comunicado, a entidade destacou que foi utilizada apenas ” força absolutamente necessária” na ocasião, que se tratava do cumprimento de um mandado de busca e apreensão, na madrugada de quinta-feira (11), por membros da Deic.
Por fim, o Sinpol entendeu que os agentes tiveram a imagem divulgada indevidamente e que irá acionar judicialmente os responsáveis pelas publicações.
Confira a nota na íntegra:
Causou surpresa a ampla e pejorativa divulgação midiática da imagem dos policiais, vez que davam cumprimento a diligências cautelares decretadas judicialmente, nos endereços nela devidamente mencionados, utilizando-se de força absolutamente necessária. Fato é que os agentes públicos tiveram as suas imagens veiculadas indevidamente, o que requer a adoção de medidas jurídicas preservadoras e reparadoras