Jovem que perdeu as mamas após ser enganada por suposta esteticista revela detalhes do caso

Acusada está na mira da Polícia Civil desde julho de 2023 e responde por nove inquéritos

Davi Galvão Davi Galvão -
Marcilane Espíndola fingia ser pós graduada na área de dermatologia. (Foto: Redes Sociais)

A enfermeira Marcilane Espíndola, presa e indiciada sob a suspeita de ter realizado diversos procedimentos estéticos e gerado graves lesões em pacientes na Grande Goiânia, dentre diversos outros crimes, teria sido responsável por fazer com que uma dessas vítimas perdesse ambas as mamas.

Foi este o caso da jovem Moema Póvoa, de 29 anos que, ao G1, relatou todo o drama que viveu após precisar passar 30 dias internadas e ter sofrido uma infecção generalizada.

“Fiz uma harmonização corporal nos seios e assim que saí de lá comecei a sentir dores e elas só foram aumentando. Eram dores muitos fortes, inexplicáveis, tão fortes que cheguei a ficar internada por 30 dias. Tive infecção generalizada e depois disso precisei continuar o tratamento em casa com antibióticos”, contou.

De acordo com a vítima, antes da cirurgia, Marcilane garantiu que, já no dia seguinte ao procedimento, ela teria uma rápida recuperação e poderia, inclusive, ser liberada normalmente.

O procedimento foi realizado em julho de 2023 e, à época, Moema foi informada que a “profissional”  usava ácido hialurônico, porém, após uma biópsia realizada em outubro do ano passado, no Hospital das Clínicas de Goiânia, a vítima descobriu que PMMA havia sido utilizado.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto se trata de um componente plástico realmente utilizado na área da saúde, mas de uso restrito por conta do grande risco de ocasionar inflamações, deformidades e até mesmo necrose.

“Nada melhorava minha infecção e, para cessá-la, os médicos optaram por fazer a mastectomia para retirada das mamas. O produto PMMA foi para o pulmão, minha saturação ficou muito baixa e eu precisei de oxigênio”, conta Moema.

Investigação

A enfermeira está sob a mira da Polícia Civil (PC) desde julho do ano passado, após três pacientes ficarem com o rosto deformado após realizarem procedimentos estéticos com a mesma. Após investigações, ela foi indiciada, ao total, em nove inquéritos.

Apesar de ter graduação em enfermagem, Marcilane se apresentava nas redes sociais como pós-graduada em dermatologia estética, mas, às autoridades, admitiu que nunca concluiu o curso.

Após a repercussão do caso, o Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) afirmou ter instaurado um Processo Ético Disciplinar para apuração da conduta da profissional.

O que diz a acusada

Ao G1, a defesa da enfermeira afirmou que a cliente teve a prisão convertida para domiciliar ainda no dia 11 de julho, mesma data na qual foi presa. Além disso, informou que, durante as buscas, nenhum ilícito foi encontrado pelas autoridades e destacou que a investigada permanece à disposição para qualquer outro esclarecimento.

Leia a nota na íntegra:

“A defesa de Marcilane Espíndola ressalta que a prisão outrora deferida e cumprida na data de 11/07, já foi substituída por prisão domiciliar no mesmo dia 11. Em relação a busca e apreensão, nada de ilícito foi encontrado. Infelizmente, mesmo com diversas tentativas, inclusive através de pedidos judiciais (habeas corpus preventivo), a investigada não foi ouvida antes do pedido desmesurado da prisão, acerca do suposto fato novo, impedindo a investigada de contrapor eventual acusação, o que viola, inclusive, o disposto no art. 6º, inciso v, CPP.

A defesa aguarda acesso ao processo em que houve o deferimento da medida extrema, para se posicionar sobre a matéria fática. Registra-se, novamente, que a investigada esteve, está, e sempre estará à disposição para qualquer esclarecimento necessário”.

 

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.