Só uma dose da vacina contra a dengue é eficaz? Médico infectologista responde
Com baixa adesão à vacinação contra a dengue em Goiás, autoridades apontam para a necessidade de completar o esquema vacinal
Em Goiás, a baixa adesão à vacinação contra a dengue tem gerado preocupações significativas entre autoridades de saúde e especialistas. Desde o início da campanha de vacinação, foram distribuídas 342.960 doses do imunizante. No entanto, o número de pessoas que completaram o esquema vacinal está aquém das expectativas.
Fabricada pela farmacêutica Takeda, a Qdenga oferece uma imunização de 85% contra o sorotipo 2, prevalente em 2024. Quanto aos sorotipos 1 e 3, a proteção é de aproximadamente 60%, conforme o médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz.
Com duas doses ministradas em um intervalo de 90 dias, completar o esquema vacinal também significa reduzir, em 85%, a hospitalização em caso de contaminação. “O grande lance é assegurar uma redução da gravidade, para que, mesmo que tenha dengue, o quadro clínico não se agrave”, disse o especialista ao Portal 6.
Porém, goianos não estão se vacinando. Enquanto isso, os casos atingem números preocupantes. Somente no primeiro semestre de 2024, foram 270 mil casos confirmados, um aumento de 349% em relação a 2023, e 354 mortes. Com isso, a taxa de letalidade subiu de 0,076% para 0,11% este ano.
De janeiro a maio de 2024, foram aplicadas 167.499 primeiras doses da vacina contra a dengue. Deste total, 139.455 foram destinadas a crianças e adolescentes com idade entre 6 e 16 anos, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES).
No entanto, apenas 38.002 pessoas retornaram para a aplicação da segunda dose, sendo 32.015 delas dentro da faixa etária de 6 a 16 anos. O número de indivíduos que ainda precisam retornar para a segunda dose é alarmante: 129.497 pessoas.
A importância da segunda dose
“Não há evidências científicas que comprovem o benefício de uma única dose. A vacina foi projetada para ser administrada em duas doses, com um intervalo de 90 dias entre elas. Portanto, a eficácia observada é baseada na administração completa do esquema vacinal”, explicou o infectologista.
Em casos de atraso
Embora não haja comprovação de prejuízos significativos caso o intervalo seja superior a 90 dias, o médico recomenda que a vacinação seja concluída o mais breve possível. “Se a segunda dose for administrada após um ano, por exemplo, perde a eficácia”, alertou. Neste caso, será necessário aplicar a primeira dose novamente, reiniciando o esquema.
Pode vacinar após contrair dengue?
Boaventura aponta que, caso o paciente tenha contraído a arbovirose, é recomendado esperar três meses para então receber a segunda dose, a fim de garantir uma resposta imunológica eficaz.