Paciente de Anápolis luta há quase dois anos para conseguir cirurgia urgente após erro médico

Ao Portal 6, Rosaneide da Silva, de 46 anos, revelou batalha diária para conviver com complicações

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Paciente de Anápolis luta há quase dois anos para conseguir cirurgia urgente após erro médico
Rosaneide, de 46 anos, luta para conseguir cirurgia urgente e corrigir erro médico. (Montagem: Arquivo Pessoal/Gilbson Ferreira dos Santos)

Dentro do caos enfrentado na rede hospitalar em Anápolis, uma paciente relata a luta para conseguir uma cirurgia urgente, após um erro médico que custou o pleno funcionamento do corpo e saúde dela.

Ao Portal 6, Rosaneide da Silva, de 46 anos, e o marido, Gilbson Ferreira dos Santos, contaram como essa situação teve início, após o que seria um erro médico.

Conforme o relato do casal, ela começou a ter sangramentos frequentes por sete meses, até conseguir fazer um exame que descobriu a existência de um mioma (tumor benigno) no útero.

Assim, ela conseguiu marcar um exame no Hospital Evangélico Goiano (HEG), que constatou a necessidade de uma cirurgia para remoção do útero.

Contudo, durante o procedimento, realizado no Alfredo Abrahão, ela teve o canal urinário amarrado para a cirurgia. Mas no momento em que foi feita a sutura, o canal continuou amarrado, o que gerou complicações.

Ela ficou dois dias internada em Anápolis, até ser transferida para o Hugol, em Goiânia, onde ouviu que não poderia ser feito o mesmo procedimento cirúrgico. Assim, colocaram um cateter nela, para que ela retomasse as funções urinárias.

Mas ao retirar o dispositivo, descobriram uma fístula – ou seja, uma ligação anormal entre dois órgãos do corpo dela – que teria sido ocasionada durante a operação para retirada do útero, o que seria um indicativo de negligência médica.

Agora, essa fístula causa infecções frequentes em Rosaneide, o que faz com que a paciente seja constantemente internada, com dores fortes e inflamações no local – como é o caso atual.

Situação complicada

No domingo (18), Gilbson teve de levar a esposa às presas para o Heana, após a mulher sentir intensas dores na região.

“Eu tive que chamar um motorista de aplicativo para levar minha mulher para o hospital. Vi ela rolando de dor no chão, sem saber o que fazer. É muito triste”, relembrou.

O homem também revelou que precisou pegar dinheiro emprestado com um vizinho para ter condições de pagar a corrida. Isso porque a família pena para conseguir sustento, visto que Rosaneide não consegue trabalhar e Gilbson precisa ajudá-la com as necessidades do cotidiano. Além disso, eles têm dois filhos – de 14 e 10 anos – para criar.

Diante dessa situação delicada, ela precisa de uma nova operação, mas não consegue pela rede particular, pois é muito caro.

À reportagem, a mulher afirmou que um médico em Goiânia já se disponibilizou para operá-la pelo SUS, dentro da Santa Casa de Goiânia. Porém, a transferência de Rosaneide para Goiânia não é concretizada, pois estaria “travada” na Regulação estadual. Ela estaria há 01 ano e 06 meses aguardando uma resposta.

Posicionamento

Em nota ao Portal 6, a Prefeitura de Anápolis respondeu que a paciente foi inserida na Regulação Estadual em 2023, com pedido de consulta médica especializada em urologia para Goiânia, “uma vez que não há, em Anápolis, unidades que realizam o procedimento que ela necessita”.

No sistema utilizado para registrar as demandas, consta que a solicitação foi lançada apenas em 25 de outubro de 2023. Além disso, Rosaneide estava na 68ª posição da fila de espera, conforme dados desta terça-feira (20).

Por fim, a notificação afirmou que a entrada da mulher no Heana foi registrada apenas às 08h43 desta terça-feira (20) – dois dias após ela ser encaminhada para a unidade de saúde.

Já a Fundação Universitária Evangélica (Funev), responsável pela administração do Heana, destacou que Rosaneide está sendo tratada com antibiótico bactericida, enquanto aguarda vaga para avaliação em unidade de referência para o caso, e para possível tratamento cirúrgico.

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