Estudantes goianos desabafam sobre desafio de conciliar faculdade, estágio e trabalho: “só quero desligar”

Universitários relatam baixo desempenho nas responsabilidades acadêmicas e saúde mental abalada

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Imagens ilustrativas de estudantes universitários. (Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)
Imagens ilustrativas de estudantes universitários. (Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)

Com apenas 20 e poucos anos, muitos jovens goianos já se encontram fazendo malabarismos. Equilibrando o curso superior, estágio e trabalho remunerado, enquanto buscam experiência e uma entrada no mercado de trabalho, afirmam que estão perdendo a saúde mental no processo. Embora não seja possível na maior parte dos casos, a desistência chega a ser uma opção. Porém, muitos, exaustos e quase deixando os pratos caírem, persistem.

Paula Sofia Brito, de 24 anos, é estudante de psicologia no último período. Desde o início do ano, ela faz o estágio obrigatório da faculdade e, em agosto, começou um estágio remunerado como acompanhante terapêutica de um adolescente. Na reta final do curso, com um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para entregar, o abatimento está afetando-a.

“Meu dia é uma loucura. Acordo cedo, vou para o estágio remunerado de manhã e, à tarde, tento conciliar com as mediações do estágio não obrigatório. Mas este mês não consegui participar de nenhuma pela correria do dia a dia”, relata ao Portal 6.

Para Paula Sofia, o maior desafio é conseguir manter a concentração. “A cabeça fica tão cheia de informações que, quando chego em casa, só quero desligar. Isso impacta especialmente meu TCC. Não consigo focar no que estou lendo e escrevendo”, explica. Mesmo com todas as dificuldades, ela não pensa em desistir. “Estou na reta final e preciso do estágio remunerado. O restante não tem opção.”

Paula Assis, de 22 anos, está no 12º período de engenharia química e enfrenta uma situação similar. Desde janeiro, ela estagia na área de manutenção de uma empresa. “Meu trabalho envolve a gestão de indicadores, criação de apresentações e atuar como analista de planejamento e controle de manutenção. Isso inclui programar as atividades dos mecânicos e gerenciar custos da área de utilidades”, detalha à reportagem.

A rotina de Paula começa cedo. Ela sai de casa às 6h para pegar o ônibus fretado até a planta da empresa em uma cidade na Região Metropolitana de Goiânia, onde trabalha até às 15h ou mais, dependendo das demandas. “Estou apenas com uma matéria na faculdade, mas o TCC está me estressando muito. Já pensei em desistir, mas só do estágio, nunca da faculdade, porque estou quase formando”, admite.

Paula revela que, além das atividades típicas de um estagiário, também tem sido encarregada de demandas de um analista, o que aumenta ainda mais a carga de trabalho. “É bem complicado. Estou exausta mentalmente e com dificuldade de equilibrar tudo isso”, desabafa.

 

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