Abraço surpresa, ameaças de morte e “greve de alunos”: professores contam histórias inusitadas vividas em salas de aula

Reportagem do Portal 6 conversou com educadores de diferentes vivências, que revelaram situações curiosas e até perigosas

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Abraço surpresa, ameaças de morte e “greve de alunos”: professores contam histórias inusitadas vividas em salas de aula
Alunos em sala de aula. (Foto: Diego Herculano/Folhapress)

Dentro da sala de aula, os professores estão sujeitos a passar por situações inusitadas, curiosas e até mesmo perigosas. Ao menos, esses foram alguns relatos dados por educadores que atuam em Goiânia.

Em celebração ao Dia dos Professores, comemorado nesta terça-feira (15), o Portal 6 conversou com alguns desses profissionais, que contaram histórias inusitadas que já passaram dentro de sala de aula.

O primeiro deles é Neydiwan Silva. Com 46 anos, ele dá aulas desde janeiro de 1996, tendo lecionado para alunos de nível médio e superior.

Neydiwan é professor há quase 30 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Atualmente ele atua apenas com ensino médio e preparatório para o Enem, tendo contrato em duas escolas da rede particular e sendo concursado na rede pública desde 2006.

Ao relembrar uma das histórias peculiares pelas quais teve de passar, ele contou que, uma vez, no primeiro dia de aula, um estudante do 9º ano fez uma pergunta “indiscreta” para o professor.

“Na época eu era bem mais gordinho e ele me perguntou ‘professor, ser gordinho assim te incomoda?’. A sala inteira parou e me olhou, para ver o que eu iria responder. Foi então que eu respondi: ‘Eu não sou gordo. Eu sou macio, confortável, aconchegante’ “, destacou.

Assim, Neydiwan se virou de costas para escrever no quadro. Porém, segundos depois, ele sentiu alguém abraçando ele por trás, sem avisos.

Ao se virar, o professor viu que era o mesmo garoto que fez a pergunta para ele. “Aí eu falei ‘Fulano, o que você tá fazendo?’, no que ele me respondeu : ‘estou vendo se você é macio mesmo’. Nisso a sala toda começou a gargalhar”, relembrou.

Desafios 

Mas nem só de momentos divertidos vivem os professores. Muitas vezes, a sala de aula pode ser um ambiente desafiador para os docentes.

A professora Thamires Olimpia, de 31 anos, está desde 2014 trabalhando na educação e atualmente leciona Geografia e Robótica em um colégio militar de Goiânia.

Thamires é professora de Geografia e Robótica. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ela, que é filha de professores, estudou na escola na qual a tia dela era professora, brinca que desde muito nova gostava de ensinar outras pessoas, começando como catequista.

No entanto, nem tudo foram flores na trajetória dela. “Nesses 10 anos já passei por muitas coisas, já fui ameaçada de morte, um adolescente já jogou fumaça de cigarro no meu rosto e ficou me ameaçando com um cabo de vassoura. Já desisti de projetos por falta de infraestrutura e sinto que falta reconhecimento e valorização da profissão”.

Apesar dos percalços, Thamires não tem dúvidas que é na sala de aula que ela se realiza. “Ver o seu aluno aprender o conteúdo não tem preço. Compartilhar esse momento de formação com os alunos é uma experiência única e transformadora”.

Ela também relembrou de momentos que marcaram positivamente na carreira dela, como a situação em que convenceu um aluno a não sair de casa e continuar estudando, ou quando tornou um aluno tímido, que se escondia debaixo do capuz o tempo, em um estudante que fazia apresentações de robótica para a escola.

“Já vivi muitas situações na sala de aula. Sempre com a certeza que eu fiz o meu melhor para contribuir com a formação de cidadãos críticos e atuantes na sociedade. Amo ser professora”, concluiu Thamires.

Reconhecimento

Por fim, a professora de inglês Marina Simões, de 25 anos, já está há seis anos em atividade e atualmente dá aulas para alunos do 6º ao 9º ano, em um colégio da rede particular.

Marina Simões dá aula de inglês para alunos entre o 6º e 9º ano. (Foto: Arquivo Pessoal)

À reportagem, a jovem relembrou um momento de carinho que teve com os estudantes, no qual eles organizaram uma “greve” para que ela voltasse a dar aulas para eles.

“Eu fui professora dessa turma no 3º ano e no 5º ano eles me queriam de volta. Toda vez que eu passava na frente da sala deles, eles ficavam pedindo ‘volta, volta, volta’. Até o dia em que eu chego para dar aula na sala do lado e a porta da sala deles estava cheia de cartazes, falando ‘queremos ela de volta’, ‘a gente aceita ela somente viva’, ‘procura-se Marina”, detalhou.

Não o bastante, os alunos ainda fizeram um abaixo-assinado, pedindo para que outros professores assinassem, até mesmo indo à coordenação da unidade de ensino pedindo para que ela retornasse.

“É uma memória muito afetiva que eu tenho, foi muito bonitinho. Ainda mais porque é uma turma que vive falando ‘teacher [professora, em inglês], a gente aprendeu a ser gente com você’, porque eles falavam coisas absurdas e eu dava uns “puxões de orelha” neles. Então foi muito fofinho ver eles fazendo um protesto para que eu voltasse à sala deles”, revelou Marina.

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