JULIA CHAIB
Os advogados do presidente eleito Donald Trump se aproveitaram do argumento que o presidente Joe Biden usou para perdoar seu filho Hunter Biden ao pedir a um tribunal de Nova York que anule um processo contra o republicano.
“Ontem (domingo, 1º), ao conceder um perdão de 10 anos a Hunter Biden que abrange todos e quaisquer crimes, sejam acusados ou não, o presidente Biden afirmou que seu filho foi ‘seletivamente e injustamente processado’ e ‘tratado de maneira diferente'”, alegou a defesa de Trump, em petição endereçada ao juiz Juan Merchan, que cuida do processo em que o presidente eleito responde por ao menos 34 acusações no caso da atriz pornô Stormy Daniels.
Os advogados afirmam que os promotores de Manhattan, que acusaram o republicano, são parte do mesmo “teatro político” apontado por Biden. O presidente assinou uma ordem neste domingo (1º) para perdoar seu filho Hunter Biden, condenado por mentir sobre o fato de que usava drogas ao comprar uma arma em outubro de 2018 e por possuí-la de forma ilegal por 11 dias. O democrata deu anistia ampla e irrestrita ao parente, livrando-o de acusações que ele acumulou ao longo de 11 anos.
Os advogados de Trump se aproveitaram das críticas disparadas pelo próprio presidente ao Departamento de Justiça para novamente alegar que o republicano sofre perseguição em razão de sua estatura política.
No pedido desta semana, a defesa alega que manter a condenação representaria disrupções à instituição da Presidência.
“Este caso nunca teria sido apresentado se não fosse pelas opiniões políticas do presidente Trump, pelo movimento nacional transformador estabelecido sob sua liderança e pela ameaça política que ele representa para os políticos corruptos e enraizados em Washington, D.C. e além”, justificam.
Esta é mais uma tentativa dos advogados de Trump de anular o processo. Por ora, o republicano já obteve uma vitória porque Merchan decidiu postergar, por tempo indeterminado, a leitura da sentença a que o presidente eleito seria condenado. Isso o poupa de ter de cumprir qualquer pena enquanto presidente da República.
O republicano também teve vitórias em outra esfera da Justiça. Ele viu dois casos criminais federais serem arquivados: um em que o presidente eleito é réu por tentar subverter as eleições de 2020 e outro em que ele guardou documentos sigilosos de forma ilegal. Os casos foram arquivados porque não faz parte da política interna do Departamento de Justiça processar um presidente no cargo, justificou o procurador Jack Smith.
No caso de Nova York, Trump foi condenado por ter falsificado registros empresariais para encobrir pagamentos a Daniels e, assim, evitar que ela revelasse durante a campanha de 2016 ter supostamente mantido relação sexual com o empresário em 2006. O pagamento de US$ 130 mil foi feito pelo então advogado e faz-tudo de Trump, Michael Cohen.