Ministério Público alega “abusos” e “falta de imparcialidade” por parte de juíza que investigou esquema de Gusttavo Lima
Cantor está sendo investigado por lavagem de dinheiro proveniente de jogos ilegais
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recorreu ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) contra a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, responsável pela Operação Integration, que investiga Gusttavo Lima por lavagem de dinheiro proveniente de jogos ilegais e organização criminosa.
No pedido, o MP alegou que a magistrada conduziu a ação com “abusos” e uma “aparente falta de imparcialidade”, envolvendo nomes como o sertanejo, a influenciadora Deolane Bezerra e outras 20 pessoas.
Em coletiva, o promotor de Justiça Roberto Brayner, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), definiu a postura da juíza como “típica de quem aparenta paixão pela investigação”.
Apesar das ‘alfinetadas’, o relator relembrou que não pretende estremecer o relacionamento entre os dois órgãos, apenas que discordou de algumas decisões tomadas.
“A gente respeita a magistratura, respeita a juíza. Acho que o judiciário tem uma função importante nessa hora, e tudo que a gente não quer nesse momento é alimentar um clima de rivalidade, de disputa”, disse Brayner.
Com base neste argumento, o promotor sustentou o descontentamento com a recusa do recurso por parte de Andréa Calado, que apenas ofereceu “três alternativas” para a conclusão do caso.
Segundo ele, é necessário que a investigação avance antes que haja um veredito ou um arquivamento, com o objetivo de analisar as movimentações financeiras dos investigados.
“O recurso, na verdade, apesar de ter tudo isso, eu não vou negar, tem um foco objetivo. Sua Excelência entendeu que nós tínhamos três alternativas: ou denúncia, ou pede novas diligências ou arquiva. E esse é o ponto que nós discordamos de Sua Excelência. Nós não tínhamos as três alternativas que ela está dizendo”, completou o profissional.
Um dos principais pontos não investigados e que foi deixado em aberto foi a quebra de sigilo bancário dos acusados, que ainda não foi concluída.
“Nós tínhamos uma alternativa e já tínhamos optado por ela. Desde o início, a gente tinha afirmado e reafirmado que queríamos conhecer a movimentação financeira dos investigados. A quebra bancária não se exaure com o pedido. Ela termina com a análise das informações que vão me dar condição de saber se há indícios ou não da prática de lavagem de dinheiro decorrente do jogo do bicho. Então, esse é o objetivo do recurso”, explicou o promotor.
Devido a este impasse, o MPPE reiterou não poder realizar uma denúncia sem os dados suficientes, que estão sendo analisados junto à Polícia Civil (PC) do estado, a qual procura por uma “informação concreta”.
Roberto Brayner também destacou que o órgão não pode formalizar uma denúncia sem dar oportunidade aos investigados para apresentarem as respectivas versões.
“Na hora de eu apontar a movimentação que demonstra a mistura do jogo do bicho com a bet, a gente também precisa dar uma oportunidade a quem está sendo acusado de se explicar. A investigação séria, madura e que vai proporcionar uma ação penal adequada tem que percorrer esse caminho”, concluiu o promotor.