Espancada e tratada como doméstica e babá pela mãe, criança de Pirenópolis será ouvida pela PC
Vizinhos tiveram de invadir a casa da suspeita para cessar as agressões, após ouvirem os gritos da vítima


Está marcado para o dia 19 de abril, na delegacia de Pirenópolis, a oitiva que irá escutar a versão da criança de 10 anos que foi retirada da guarda da mãe e posta aos cuidados do pai, após a genitora ter sido acusada de espancá-la.
O crime teria acontecido ainda no dia 14 de fevereiro, quando vizinhos, ouvindo os gritos de dor e pedidos de socorro da menor, invadiram a casa da suspeita e contiveram-na até a chegada do pai.
Ao Portal 6, a advogada criminalista Ana Paula Vespucci, que atua em defesa da menor, também pontuou que os episódios de violência vinham ocorrendo há tempos. A especialista contou que a suspeita usava a criança para cuidar de outra filha, de cinco anos, obrigando-a a exercer tanto as funções de babá quanto de cuidados com o lar.

Advogada criminalista Ana Paula Vespucci atuou em defesa da criança. (Foto: Arquivo Pessoal)
“Em relatos dos vizinhos, no dia 14, ela [a mãe] chegou e a vítima não teria arrumado a casa e começou a espancar ela. Nisso a vizinha, escutando a gritaria, não se conteve e invadiu a casa, cessando a briga. Ao mesmo tempo o marido dessa vizinha foi até o serviço do meu cliente [pai da menor] e falou o que estava acontecendo”, contou.
Assim, o pai foi até a residência acompanhado do Conselho Tutelar e, já na semana seguinte, junto da advogada, compareceu à delegacia, onde foi determinada uma medida protetiva, com base na Lei Henry Borel, em desfavor da genitora. A criança segue sob os cuidados do pai e da madrasta.
“Com todos os relatos dos vizinhos, conversas de WhatsApp, a própria mãe falando que deixava as crianças sozinhas […] falando que realmente merecia apanhar, que a criança não estava olhando a filha mais nova, que era custosa”, detalhou a advogada.
A criança também foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) de Anápolis, que atestou diversas lesões pelo corpo da pequena, provocadas por golpes contundentes.
Em um depoimento inicial, a vítima, acompanhada do Conselho Tutelar, relatou que a mãe costumava agredi-la por “qualquer coisa” sempre que ficava nervosa e que já havia, inclusive, utilizado objetos como cinto e carregador de celular nas agressões. Ela também confessou ter medo da genitora e que gostaria de ficar com o pai, que a tratava “bem e com carinho”.

Trecho da medida protetiva imposta em desfavor da suspeita. (Foto: reprodução)
A Polícia Civil (PC) segue investigando o caso para determinar a veracidade dos fatos.