Pequi em pó: entenda por que pesquisa da UFG é inédita e como pode ajudar na preservação do Cerrado
Projeto já tem previsão de quando resultados poderão chegar à mesa do consumidor


Oferecer pequi o ano inteiro, expandir o mercado consumidor e aumentar as maneiras de aproveitamento do fruto: esses são alguns dos objetivos que guiam uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) que está produzindo pequi em pó.
Não só o pequi – o projeto também estuda o jambo e a guariroba, explorando os valores antioxidantes e a quantidade de vitaminas oferecidas por cada um dos itens na nova versão.
A pesquisa é inédita. Embora o método e o equipamento usados não sejam novidade, essa é a primeira vez que o pequi é transformado em pó por meio de spray drying – secagem pela qual se produz, também, o leite em pó e o whey protein.
Quem coordena o projeto é Flávio Alves, docente da Escola de Agronomia da UFG, que compartilhou ao Portal 6 que a vontade de trabalhar com o pequi já existia há algum tempo, por causa da tradicionalidade do fruto.

Pesquisa desidrata o pequi para transformá-lo em pó. (Foto: Acervo pessoal)
“Geralmente as pessoas consomem pequi só na forma in natura, em conserva ou cozido, ou através de molho. Então a polpa dele é subaproveitada”, explicou.
E continuou: “ele só dá uma vez ao ano, também. Para ter mais tempo, você tem que congelar, e ele não fica o mesmo sabor com o tempo”.
Produção constante e maior exportação
A proposta é que a nova forma do produto seja oferecida durante todo o ano. A desidratação que o transforma em pó faz com que ele fique mais seco, aumentando o tempo pelo qual pode ser armazenado sem perder a qualidade.
“E aí tem a possibilidade de mandar o pequi para outros estados e outros países”, detalhou Flávio. Além de usá-lo como tempero, a ideia também prevê que ele seja utilizado pela indústria farmacêutica e estética.

Equipamento não havia sido usado ainda para estudar o pequi. (Foto: Acervo pessoal)
A expectativa é de que o pequi em pó chegue diretamente à mesa dos brasileiros, aumentando o consumo do fruto ao suavizar o sabor e o aroma.
O time de pesquisadores prevê que isso aconteça em menos de um ano, o que ainda demanda patente e investimento de indústrias interessadas em processar o produto.
A equipe, composta também pelo professor Júlio César Briceno e o mestrando Roberto Braz, contará com parcerias internacionais: Flávio adianta que um aluno estudará o pequi na Espanha, enquanto outro abordará o jambo no Chile, ainda dentro dos próximos meses.
Aviso aos fazendeiros
O pesquisador também ressaltou as lições que a pesquisa pode deixar a quem tem propriedades rurais no Cerrado. “Preservar a árvore do pequi é necessário e é bom economicamente”, afirmou.
“[O fazendeiro] ganha muito mais vendendo o pequi e o que ele produz do que cortando a árvore”. Por isso, além dos efeitos imediatos, a expectativa é de que o projeto também ajude a evitar o desmatamento do bioma.
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