Enquanto o choro é de plástico, a dor é de verdade
Enquanto isso, crianças de verdade seguem invisíveis. Sem comida, sem escola, sem colo

Nos últimos dias, a internet se encheu de vídeos sobre os bebês reborn — bonecos hiper-realistas tratados com carinho, como se fossem reais. Há quem ache bonito, há quem estranhe, há quem se emocione. Mas o que isso diz sobre nós?
Esses bonecos não choram de madrugada, não dão trabalho, não exigem limites. São fáceis de amar. Em tempos de relações frágeis e afetos cansados, é tentador se apegar a algo que não cobra esforço.
Enquanto isso, crianças de verdade seguem invisíveis. Sem comida, sem escola, sem colo. Será que estamos nos emocionando com o plástico e esquecendo da carne e osso?
Quando deixamos nossos filhos entregues às telas, quando trocamos presença por distração, corremos o risco de criar crianças silenciosas, imóveis, distantes — como os próprios reborns.
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Criança precisa de presença, não de aparência. De conexão, não de curtida. No texto bíblico escrito em Tiago 1:27, lemos que a fé verdadeira se expressa no cuidado com os mais vulneráveis.
Em vez de se emocionar com bonecos, pergunte: quem ao meu redor precisa do meu amor hoje?
José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo MDB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.