CEO da Rancheiro explica que café ficará ainda mais caro nos EUA

Com produção interna insuficiente, país depende do café brasileiro e nova tarifa pode agravar esse cenário

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Ricardo Ander de Oliveira, presidente da Rancheiro, durante o Empreenda Digital. (Foto: Portal 6)
Ricardo Ander de Oliveira, presidente da Rancheiro, durante o Empreenda Digital. (Foto: Portal 6)

Prevista para entrar em vigor em 1º de agosto de 2025, a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros pode provocar impactos diretos no território norte-americano — sobretudo no preço do café.

Os Estados Unidos, um dos maiores consumidores da bebida no mundo, dependem fortemente do grão brasileiro para atender à demanda da população. O Brasil é o principal fornecedor do produto para os norte-americanos, respondendo por cerca de um terço do mercado consumidor no país.

Ao Portal 6, o CEO da Rancheiro, Ricardo Ander, explicou que a medida tende a afetar mais os próprios norte-americanos do que o Brasil, justamente por essa relação de dependência.

“O Brasil vai continuar exportando para o mundo, e o americano vai continuar tomando a bebida [mesmo com a tarifa]. O milho, ele [os Estados Unidos] pode comprar de outro país, mas o café, se ele for na Colômbia, por exemplo, não tem volume. Se a tarifa de fato acontecer e o café ficar 50% mais caro, o americano vai ter que pagar, porque ele vai continuar bebendo”, justificou.

A comparação numérica ajuda a entender o cenário: os Estados Unidos produzem apenas 1% do café que consomem, enquanto o Brasil é responsável por 40% da oferta global.

Ricardo Ander acredita, no entanto, que a tarifa não deve se manter até a data de implementação.

“Não tem ninguém acreditando que isso vai se manter até o final. Está todo mundo com a expectativa de que essa tarifa não vai se manter. Os mais prejudicados nisso tudo são os próprios Estados Unidos. […] Para o consumidor brasileiro, será até uma vantagem — pode ser que o preço do café tenha uma queda aqui e haja um excesso do produto. Mas acho que isso não vai acontecer. O café é algo que mexe com muita gente, e acredito que o Trump vai voltar atrás”, avaliou.

Caso a medida realmente entre em vigor, uma possível estratégia dos EUA seria triangular a importação, comprando o café de países europeus — onde não haveria a mesma taxação.

“Um contêiner de café custa R$ 1,2 milhão. Se essa operação triangular (do Brasil vender para a Alemanha e ela vender para os Estados Unidos) acontecer, não vai mudar tanto o preço do café. Se não impuserem essa tarifa sobre a Alemanha, o preço vai subir, mas não tanto. Seria uma forma de burlar a tarifa”, finalizou.

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