Onze bebês recebem antídoto para picada de cobra em vez de vacina em hospital de SC

Doses da vacina contra Hepatite B são administradas em recém-nascidos, em bebês com dois, quatro e seis meses de idade

Folhapress Folhapress -
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Criança recebe vacina. (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

CARLOS VILLELA

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Onze bebês recém-nascidos foram inoculados com antídoto para picada de cobra em vez de vacina para hepatite B em Canoinhas, no norte de Santa Catarina.

Os casos foram confirmados nesta terça-feira (15) e teriam ocorrido na última semana, entre quarta (9) e sexta (11), no hospital filantrópico Santa Cruz.

Os bebês, que passam bem, receberam doses de soro antibotrópico enquanto estavam na maternidade do hospital. O caso é tratado como erro interno, e a principal suspeita é que a semelhança entre os frascos da vacina e os do soro podem ter causado a confusão na administração. Ambas são fabricadas pelo instituto Butantan.

O soro antibotrópico é indicado para vítimas de picadas de serpentes do gênero Bothrops, como jararacas, jararacuçus, urutus, jararacas pintadas e caiçacas.

A vacinação contra a hepatite B, de acordo com recomendação do Ministério da Saúde, deve ser feita em quatro doses: a primeira logo após o nascimento, e depois aos dois, quatro e seis meses de idade.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Canoinhas disse que foi comunicada na segunda-feira (14) sobre o incidente pela Gerência Regional de Saúde de Mafra.

Todas as famílias já foram avisadas do incidente, e os bebês estão em acompanhamento pela equipe da Vigilância Epidemiológica de Canoinhas.

De acordo com a pasta, a administração da vacina não é responsabilidade do Município, mas da equipe do Hospital Santa Cruz de Canoinhas.

Nesta terça-feira, a prefeita de Canoinhas, Juliana Maciel (PL), determinou a contratação de uma auditoria externa para apurar os serviços prestados pelo hospital Santa Cruz.

“Nós precisamos entender com clareza e responsabilidade o que está acontecendo lá dentro”, disse a prefeita. “Mesmo o hospital Santa Cruz não sendo da prefeitura de Canoinhas, a maioria dos atendimentos realizados lá são atendimentos SUS, e o município de Canoinhas encaminha ao hospital, mensalmente, mais de R$ 1 milhão para custeio desses serviços à população.”

Os bebês receberam uma dose de 0,5 ml por via intramuscular, uma quantidade muito inferior à utilizada em casos de picada de cobra, que pode variar de 20 ml a 40 ml em incidentes leves, chegando a até 120 ml nos casos mais graves. Cada ampola do soro contém 10 ml.

De acordo com Karin Adur, administradora do hospital, uma sindicância foi aberta no dia 13 para identificar a causa do erro. “Estamos fazendo mudanças de processos para garantir cada vez mais a segurança dos nossos pacientes”, afirmou.

A diretora disse que o hospital notificou os órgãos competentes, como a regional de saúde, Coordenação Estadual de Segurança do Paciente, Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina), o VigiMed (sistema da Anvisa para monitorar adversidades ligadas à aplicação de vacinas e medicamentos) e o próprio Instituto Butantan para que as medidas adequadas sejam tomadas.

Após a identificação do erro, todos os bebês foram avaliados no hospital pela enfermeira obstetra e por um pediatra.
Karin disse que o hospital está à disposição dos pais para seguir a avaliação médica dos bebês, e que presta apoio aos profissionais de saúde da instituição devido ao abalo emocional causado pelo incidente.

Ela também disse que, de acordo com informações do Butantan, a possibilidade de uma reação tardia à dose é muito pequena, e, caso ocorra, tende a ser leve e indicada por sintomas como febre, dor local e vermelhidão.

“Nossa prioridade é cuidar desses recém-nascidos e garantir que tudo fique bem com os bebês, com os pais e também com os profissionais envolvidos nessa situação”, disse Karin.

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