Por que Japão e EUA estão de olho nas terras raras que existem em Goiás?

Abundantes em Goiás e essenciais para avanços tecnológicos, esses minerais têm atraído cada vez mais atenção internacional

Natália Sezil Natália Sezil -
Operação da mineradora Serra Verde em terras raras de Minaçu. (Foto: Divulgação/SVPM)
Operação da mineradora Serra Verde em terras raras de Minaçu. (Foto: Divulgação/SVPM)

No centro das transformações tecnológicas e essenciais para as novas energias que estão se espalhando pelo mundo, as terras raras têm chamado atenção de países como o Japão e, mais recentemente, os Estados Unidos –  e Goiás não fica de fora da mira.

Isso porque o Brasil é o segundo maior detentor global desses minerais, usados para baterias de carros elétricos, turbinas eólicas, na produção de celulares e outras tecnologias. O país fica atrás apenas da China, que detém cerca de 70% da produção global.

E, no cenário nacional, alguns municípios goianos se destacam. Cavalcante, Iporá, Monte Alegre e Nova Roma possuem jazidas promissoras, e Minaçu detém a única mineradora de terras raras fora da Ásia.

Mas o que são terras raras?

Apesar da nomenclatura, as terras raras existem em uma quantidade considerável, espalhadas pelo mundo. O que as torna “difíceis” é o desafio de encontrar depósitos onde a extração seja economicamente viável.

Ao todo, são compostas por 17 elementos químicos essenciais para diversos produtos cuja aquisição só cresce – seja na indústria de energia, eletrônicos ou de defesa (presentes em aviões de caça e submarinos).

Infográfico sobre as terras raras produzido pelo Ministério de Minas e Energia. (Foto: Reprodução/Minas e Energia)

Infográfico sobre as terras raras produzido pelo Ministério de Minas e Energia. (Foto: Reprodução/Minas e Energia)

Disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr) são apenas alguns deles. Esses, inclusive, são os que Minaçu produz em larga escala.

Pelas dificuldades e demandas, os minérios obtidos nas terras raras apresentam valores elevados. Enquanto o quilo de minério de ferro custa cerca de R$ 0,60, o de neodímio e praseodímio custam aproximadamente R$ 353. Já o de térbio pode passar de R$ 5.460.

Onde ficam?

Existem 21 milhões de toneladas dos elementos terras raras espalhadas pelo país, segundo estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Empresa planeja produzir 05 mil toneladas de óxido de terras raras por ano em Goiás. (Foto: Divulgação/Serra Verde)

Empresa planeja produzir 05 mil toneladas de óxido de terras raras por ano em Goiás. (Foto: Divulgação/Serra Verde)

Além de Goiás, eles estão presentes nos estados de Minas Gerais, Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo e Roraima. Segundo o Ministério de Minas e Energia, os investimentos em programas para exploração dessas substâncias já somava mais de R$ 5 milhões em 2023.

O valor também inclui mapeamento geológico de recursos minerais, promoção de pesquisa, lavra e beneficiamento dos elementos.

Interesse externo

O Japão formalizou interesse nas terras raras do Brasil em 16 de julho, durante uma viagem do governo Ronaldo Caiado (UB) ao país asiático.

Na ocasião, representantes japoneses esclareceram que querem expandir os parceiros comerciais para não depender completamente da China, e afirmaram que o interesse vem de diversas empresas do país.

Uma missão técnica, inclusive, já está marcada para acontecer. A comitiva liderada pelo chefe da divisão de Recursos Minerais, Yamaguchi Yuzu, chega a Goiás na segunda quinzena de agosto.

Produção da Serra Verde Mineração. (Foto: Divulgação/SVPM)

Produção da Serra Verde Mineração. (Foto: Divulgação/SVPM)

Quanto aos Estados Unidos, o interesse é um pouco mais recente. Já de olho em terras raras em outros locais do mundo, o país liderado por Donald Trump tem utilizado esses minérios como moeda de troca.

Na Ucrânia, o americano propôs financiar o apoio na guerra contra a Rússia para poder explorar os minerais críticos. No Brasil, especialistas apontam que a moeda de troca seriam as tarifas impostas por Trump.

Embora alguns defendam que isso pode mudar o rumo das negociações sobre o “tarifaço”, o presidente Lula (PT) mantém uma posição clara.

O chefe do Executivo nacional criticou o interesse declarado dos Estados Unidos nos minerais estratégicos e defendeu a soberania nacional.

Ele pontuou: “temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”.

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