“Golpe do falso advogado”: entenda nova modalidade que vem preocupando moradores de Goiás e OAB

Ao Portal 6, vítimas relatam desespero e presidente da Comissão de Segurança Pública da ordem reforça medidas de segurança

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
“Golpe do falso advogado”: entenda nova modalidade que vem preocupando moradores de Goiás e OAB
Golpe do falso advogado. (Foto: TV Globo/Reprodução)

Em meio ao surgimento de uma série de novos golpes, uma outra modalidade tem causado preocupação e fez com que a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) alertasse a população sobre a prática que tem sido alvo de diversas denúncias. Trata-se do golpe do “falso advogado”.

O esquema é elaborado. Passando-se por advogados reais, os golpistas descobrem processos e clientes atendidos pelos profissionais e, de forma totalmente online, entram em contato com as vítimas fingindo serem os advogados — alegando, inclusive, que trocaram de número — chegando até a usar fotos colhidas nas redes sociais, e começam a falar sobre o processo.

Ao notar que o alvo “abaixou a guarda”, os golpistas decidem atacar e passam a pedir quantias atrativas, justificando que um valor ainda mais alto será liberado para a vítima — o que, muitas vezes, é feito.

Prejuízo

Uma das vítimas foi uma moradora de Goiânia, que preferiu não se identificar. Em entrevista ao Portal 6, ela conta que havia entrado com uma ação contra uma universidade e que recebeu uma decisão favorável. O estranhamento veio cerca de uma hora depois da decisão, quando ela recebeu o contato do suposto advogado dela, porém de outro número.

As fotos e nomes, no entanto, estavam conforme o verdadeiro profissional. O suposto autor ainda tinha todos os dados dela, que eram informações do processo.

Após algumas conversas, o golpista conseguiu convencer a vítima a transferir quase todo o dinheiro recebido do processo. As transferências foram feitas durante o último final de semana. A armação só foi percebida quando a instituição financeira dela bloqueou a conta e o gerente enviou um aviso informando sobre o possível golpe. O prejuízo estimado foi de cerca de R$ 20 mil.

“Eles também fizeram uma ligação se passando por um banco virtual. O golpista usava termos jurídicos e solicitava que a tela fosse transmitida ao vivo, para confirmar que o procedimento estava sendo feito e liberar o dinheiro de fato. Ele falava coisas do tipo que para finalizar o processo, eu precisava fazer o que ele estava mandando”, completou.

Ela procurou a delegacia da Polícia Civil (PC) na última segunda-feira (28) e nesta terça-feira (29). O Portal 6 tentou, por diversas vezes, contato com a Polícia para obter mais informações sobre o caso, mas não teve retorno.

Escapou por pouco

Quem também afirma ter sido vítima do golpe foi a vendedora Marluce Felizardo, de 59 anos. Utilizando o mesmo método, um criminoso entrou em contato com ela, afirmando que seria a advogada que a representava, mas que havia mudado de número.

Na mensagem, o suspeito afirmou que ela havia garantido uma sentença favorável, mas que precisava repassar uma quantia para a advogada a fim de receber o valor integral. Desconfiada da situação, ela entrou em contato com o outro número da profissional, que confirmou se tratar de um golpe.

Em ascensão

Casos como os vivenciados pelas duas mulheres não são exceção e têm ocorrido com certa frequência, conforme explica o presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-GO, Tadeu Bastos.

À reportagem, ele afirmou que, em média, somente neste ano, tem recebido cerca de 5 a 10 denúncias por dia sobre esse tipo de crime e que, inclusive, marcou uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública, para a próxima semana, em virtude do aumento crescente desse tipo de golpe.

“A gente tem percebido esse aumento e já tivemos duas operações grandes em Goiás. Temos uma reunião marcada, e duas pessoas do Ceará foram presas já realizando esse tipo de crime”, destaca.

Na tentativa de evitar o crescimento no número de vítimas, a OAB formulou uma cartilha para orientar tanto os profissionais quanto as vítimas que, porventura, tenham passado por esse tipo de situação.

De acordo com Tadeu, os crimes estão sendo monitorados pela OAB e repassados à polícia.

“Desenvolvemos uma cartilha com um passo a passo mostrando quais formas o advogado pode se prevenir. Nela, há um link: a pessoa preenche a cartilha, e ela é enviada para a polícia investigar e também para que a OAB possa fiscalizar por meio dessa comissão”, finaliza.

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