10 palavras em português que não possuem tradução para outra língua

Da saudade ao jeitinho, conheça elas que são tão brasileiras que desafiam qualquer tradução

Anna Júlia Steckelberg Anna Júlia Steckelberg -
10 palavras em português que não possuem tradução para outra língua
(Foto: Reprodução/USP)

Imagine abrir um baú moldado pela história, pela mistura de povos e pelas longas horas de conversa embaixo da goiabeira. O português, com sua alma de colonização, encontros e criação, transformou-se em uma língua cheia de vocábulos que ninguém traduz com um só termo, porque eles carregam passado, afeto, ritmo.

Essas palavras têm algo quase mágico: resumem sensações, gestos, jeitos de existir que nascem aqui, no calor do “nóis”, dos afetos cotidianos, das soluções criativas e da saudade que aperta (e aquece) o peito. Vamos descobrir juntos dez delas que atravessam línguas e não tem tradução?

10 palavras em português que não possuem tradução para outra língua

Saudade: talvez o ícone nacional. Um sentimento complexo de ausência, amor, memória, que vai muito além de “missing” ou “nostalgia”. Não há equivalente perfeito.

Cafuné: aquele afago na cabeça, com carinho e suavidade. Em inglês, seria uma longa expressão como “run one’s fingers through someone’s hair”, sem a carga afetiva do nosso termo.

Gambiarra: solução improvisada com criatividade e jeito (a cara do brasileiro!). “Workaround” até aproxima, mas não tem o sabor de inventividade que carregamos.

Xodó: mais do que “crush”, é um carinho cúmplice por alguém ou algo querido, pode ser gente, bicho, objeto… só o português tem esse afeto compacto.

Caprichar: fazer algo com esmero, dedicação, cuidado. No inglês vira uma frase explicativa como “put so much thought into it”, mas perde-se o tempero.

Quentinha: aquela marmita saborosa, embalada com carinho para o dia. “Packed lunch” é só um equivalente funcional, sem memória afetiva.

Malandro: esperto, às vezes malandrão, às vezes charmoso baiano com gingado. Não existe tradução direta que capture essa malícia cultural.

Anteontem: simplesmente “o dia antes de ontem”. Em inglês, precisa dizer “day before yesterday” (e sentimos falta da objetividade da nossa palavra).

Friorento: aquele que sente frio com facilidade. Em inglês: algo como “very sensitive to cold”, mas sem o ritmo e a familiaridade da nossa expressão.

Maracujá: além de ser uma fruta, é uma palavra que vem do tupi e só existe no português. Em inglês virou “passion fruit”, mas perdeu a força sonora da nossa cuia nativa.

Essas 10 palavras mostram apenas a superfície de um vocabulário infinito, rico de gestos, cultura e emoção. Outras como saudade, cafuné, desenrascar, e lindeza aparecem em listas que valorizam essa intraduzibilidade tão nossa, a maneira de sentir e existir que é única do português.

Por que isso importa?

Porque cada uma dessas palavras funciona como um espelho do nosso jeitinho, e entender esse impacto é celebrar a nossa cultura e os modos de ser que não cabem em outra língua. Essas nuances não se perdem: elas nos fazem únicos.

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Anna Júlia Steckelberg

Anna Júlia Steckelberg

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com Portal 6 desde 2021.

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