Nascidos entre 1939 e 2000 têm poucas chances de chegar aos 100 anos, aponta estudo

Pesquisa considerou informações somente de países ricos

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(Foto: Ilustração/Pexels/Matthias Zomer)

SAMUEL FERNANDES

PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Se você nasceu entre os anos de 1939 e 2000, as chances de atingir um século de idade são poucas. Essa é a conclusão de um novo estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

A pesquisa considerou somente informações de países ricos. Assim, o cenário em nações pobres ou de média renda, como o Brasil, pode ser diferente.

Para chegar à conclusão principal, o estudo envolveu dados de dois grandes grupos populacionais. Um deles contou com informações de nascidos entre 1900 e 1938. Esse período foi marcado por um avanço na expectativa de vida humana, especialmente entre os mais jovens, afirma José Andrade, um dos autores do artigo e doutorando no Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica, na Alemanha.

O segundo grupo analisado por Andrade e pelos coautores do artigo foi de indivíduos que nasceram entre 1939 e 2000. Ao investigar as tendências de longevidade dessa população, os autores concluíram que a probabilidade de se chegar aos 100 anos de idade é muito mais baixa, comparada à geração do primeiro grupo.

Essa queda na estimativa de longevidade ocorre principalmente em razão dos mais jovens. Os pesquisadores observaram, por exemplo, que mais da metade da desaceleração na expectativa de vida é explicada pela mortalidade entre aqueles com até 5 anos de idade.

Isso ocorre porque, nos primeiros 38 anos do século 20, a expectativa de vida entre os mais jovens evoluiu muito em países ricos. Esse é um fator importante para aumentar a probabilidade de mais anos de vida de uma sociedade, já que “quanto mais indivíduos sobrevivem aos primeiros anos de vida, maior a probabilidade de morrerem muito mais tarde, aumentando assim a expectativa de vida geral da população”, afirma Andrade.

Uma vez que essas melhorias foram bem implementadas no início do século 20, não sobra muito espaço para aprimorar esses índices no grupo populacional mais recente, o que diminui as chances de se alcançar os 100 anos de idade, acrescenta o pesquisador. “Em países de alta renda, a mortalidade em idades jovens já é tão baixa que melhorias adicionais têm impacto limitado na expectativa de vida”, resume Andrade.

Além desse ponto crucial, o cientista lembra que existem outros fatores que explicam a desaceleração na expectativa de vida. Conflitos armados, epidemias e pandemias são alguns exemplos que entram nesse cálculo.

Considerar essas situações é importante por diferentes razões. Para agências governamentais, provedores de saúde e sistemas de previdência, dados como esses são necessários para planejar melhor o futuro considerando a expectativa de vida da população.

De toda forma, o dado também é relevante a nível individual. “Os indivíduos devem se preocupar com essa desaceleração, uma vez que a expectativa de vida molda as decisões pessoais sobre poupança, aposentadoria e planejamento de longo prazo”, diz Andrade.

Embora os pesquisadores tenham observado essa diminuição na tendência de viver mais, a conclusão não é aplicada para todos. No futuro, Andrade planeja realizar análises semelhantes em regiões pobres e de média renda, especialmente a América Latina —o estudo publicado recentemente considerou somente 23 países ricos.

Assim, em nações com altas taxas de mortalidade infantil, como o caso de países mais pobres, é possível melhorar tais índices. Isso consequentemente aumentaria a expectativa de vida da população em geral, de forma parecida com o que ocorreu nos países ricos no começo do século 20.

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