7 curvas: conheça a estrada mortal escondida em Goiás

Trajetória histórica, risco real e lembranças de uma estrada que marcou gerações

Anna Júlia Steckelberg Anna Júlia Steckelberg -
7 curvas: conheça a estrada mortal escondida em Goiás
Estrada da Sete Curvas, na BR-060. (Foto: Reprodução/ Youtube)

No início da BR-060 que liga Goiânia a Brasília, havia um trecho famoso pelas curvas acentuadas, pela topografia desafiadora e pelos acidentes que o povo aprendeu a tratar com respeito.

Era a estrada conhecida como “Sete Curvas”, um nome que veio junto com o medo de quem a percorria. Isso porque esse antigo trecho foi palco de muitos choques, capotamentos e perdas de vidas.

Oficialmente, a “Sete Curvas” era um segmento da BR-060 que existia antes de sua duplicação.

Em 2000, segundo o DNIT (antigo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), naquele trecho foram registrados 144 acidentes, com 137 feridos e 7 mortes.

A periculosidade só crescia conforme o tráfego aumentava, veículos maiores ou mais rápidos apareciam, e motoristas experientes ou não tinham pouco espaço de margem.

7 curvas: conheça a estrada mortal escondida em Goiás

7 curvas

(Foto: Reprodução)

Desde 2017, o trecho foi desativado oficialmente após a reconstrução e duplicação da rodovia.

Hoje, quem passa pela BR-060 usa uma via muito mais segura, mas a memória da estrada mortal persiste, em relatos, em fotos antigas, em estradas secundárias usadas para turismo ou até em trilhas para ciclistas.

O que tornava a “Sete Curvas” tão perigosa? As curvas eram muito próximas umas das outras, com raios curtos e poucas áreas de escape.

Velocidade inadequada, má visibilidade em certos momentos (como à noite ou em cheias de neblina), acostamento mal conservado e sinalização que nem sempre alertava a tempo eram agravantes frequentes.

Para o motorista goiano raiz, quem viajava com a família, quem pegava estrada nas férias ou visitava Brasília, atravessar aquelas curvas era um ritual de tensão: todos alertas, motoristas reduzindo, passageiros segurando o fôlego. Contavam-se histórias de acidentes na curva 3, na curva 5, de tombamentos de ônibus lotados.

Hoje, partes da via antiga estão tomadas pela vegetação; das “sete curvas” originais restam cinco, de acordo com imagens recentes publicadas por comunidades de turismo no entorno.

Um mirante foi instalado para observação, e existem relatos de ciclistas ou aventureiros que usam trechos para esportes ou passeios, mas com acesso controlado.

Dados mais amplos do trânsito em Goiás mostram que os acidentes de estrada são problema antigo.

Segundo estudos do Observatório de Mobilidade e Saúde Humanas do estado, o número de mortes por acidentes de transporte terrestre é elevado, e trechos sinuosos, como curvas perigosas, concentram parte significativa desses acidentes.

Se for visitar o antigo local da Sete Curvas, vá com respeito: o mirante oferece vistas do vale, da estrada antiga que se mistura ao Cerrado, da natureza retomando espaço.

É curva, inclinação, memória, e um convite para entender por que certas estradas entram tanto no imaginário popular. Conhecer a Sete Curvas é revisitar a história de Goiás que ensinou, pela dor, que estradas seguras salvam vidas.

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Anna Júlia Steckelberg

Anna Júlia Steckelberg

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com Portal 6 desde 2021.

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