Sem auxílio devido, mulher com problemas psiquiátricos preocupa fiéis da Igreja Matriz em Pirenópolis

Ao Portal 6, frequentadores relataram ameaça de incêndio e violência. Assistência Social acompanha o caso e já solicitou internação

Davi Galvão Davi Galvão -
Sem auxílio devido, mulher com problemas psiquiátricos preocupa fiéis da Igreja Matriz em Pirenópolis
Mulher em situação de rua e problemas psicológicos tem causado insegurança entre fiéis de igreja. (Foto: Reprodução)

Fiéis da comunidade da Igreja Matriz da Nossa Senhora do Rosário, em Pirenópolis, relataram que vem passando por uma situação complicada já há semanas envolvendo uma mulher em situação de rua.

Portal 6 conversou com alguns desses frequentadores, que trouxeram diversas casos envolvendo a suposta autora.

Conforme os relatos, em uma das celebrações, realizada ainda no começo do mês de outubro, ela teria subido até o altar e despejado um copo com cachaça no altar.

Integrantes da comunidade que estavam presentes alegaram ao Portal 6 que ela afirmou que iria incendiar o local.

À reportagem, Vera Lúcia de Carvalho, professora e também catequista na Paróquia, comentou que a situação já se arrasta há duas semanas e que vem deixando os fiéis desconfortáveis e inseguros.

“Ela vem para cá, interrompe as missas, fica falando coisas sem sentido, dormindo nos bancos, roubando velas. A gente sabe que ela precisa de ajuda, que sofre de alguma enfermidade, mas também não dá para a gente ficar com medo de vir”, comentou.

Em outro episódio, a mulher ainda teria sacado um pequeno canivete contra um dos membros da Matriz, após ele tentar retirá-la do local. Apesar disso, ninguém ficou ferido.

A situação chegou ao ponto da própria gestão emitir um comunicado informando sobre a restrição da entrada para a Capela do Santíssimo pela sala do museu.

Autoridades

Ao Portal 6, o delegado Tibério Martins afirmou que a Polícia Civil (PC) já está ciente da situação envolvendo a mulher citada na reportagem.

Ela inclusive chegou a ser levada até a delegacia no começo desta semana, para que se acalmasse após um dos corriqueiros episódios de surto.

“É um caso muito sensível, uma paciente que claramente precisa de um acompanhamento médico, especializado. A Polícia Civil está ciente do caso, já conversamos com ela por diversas vezes, mas ela própria não sabe dizer muito sobre si. Apesar disso, até o momento, não chegou ao nosso conhecimento nenhuma atitude violenta por parte dela”, comentou.

Assistência Social

A reportagem também entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, Assistente Social, Esporte e Lazer de Pirenópolis, que informou estar atuando para prestar a devida assistência através do Centro de Atenção Psicossocial (Caps).

Ainda, destacou que a paciente apresenta transtorno mental severo e persistente, histórico de múltiplas internações psiquiátricas e recorrentes episódios de surto psicótico, no momento sem adesão ao tratamento e sem rede de apoio efetiva.

Ela chegou, inclusive, a ser encaminhada ao Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime (HEELJ) por duas vezes. No entanto,  segundo a secretaria, “a unidade hospitalar não deu seguimento com a devida internação ou regulação de leito de internação psiquiátrica para os cuidados necessários à paciente, mesmo com a evidente necessidade e insistência das equipes municipais”.

O município destacou também que buscou o Ministério Público (MP) para interceder na situação e exigir a internação involuntária da paciente, conforme Lei 10.216/2001.

A reportagem tentou contato com o HEELJ, mas não houve retorno em tempo hábil. O espaço segue em aberto.

Confira a nota da

A Secretaria Municipal de Saúde, Assistente Social, Esporte e Lazer de Pirenópolis, por meio da equipe técnica do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I – Abraçando Vidas), realizou diversas abordagens para atendimento e encaminhamento da paciente para tratamento psiquiátrico especializado em regime hospitalar, considerando a situação de vulnerabilidade e grave sofrimento mental.
A paciente apresenta transtorno mental severo e persistente, histórico de múltiplas internações psiquiátricas e recorrentes episódios de surto psicótico, no momento sem adesão ao tratamento e sem rede de apoio efetiva.
Diante da reincidência de crises, da situação de rua e dos riscos à própria integridade física, as equipes técnicas do CAPS I e do CREAS realizaram diversas ações intersetoriais com apoio do SAMU e da Polícia Militar, resultando em conduções ao Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime (HEELJ). No entanto, a unidade hospitalar não deu seguimento com a devida internação ou regulação de leito de internação psiquiátrica para os cuidados necessários à paciente, mesmo com a evidente necessidade e insistência das equipes municipais.
Diante das reiteradas negligências de cuidado do ente hospitalar, o município procedeu à comunicação ao Ministério Público para garantir a viabilização de Internação Involuntária (Lei 10.216/2001) junto ao Hospital Estadual para a devida regulação e acesso ao leito de internação especializado, assegurando à usuária o direito à saúde, dignidade e proteção integral da paciente. Cabe ressaltar que a regulação de leitos hospitalares, incluindo leitos psiquiátricos, é de responsabilidade do Complexo Regulador Estadual, conforme Resolução 306 da Comissão de Intergestores Bipartite (CIB).

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Davi Galvão

Davi Galvão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Atua como repórter no Portal 6, com base em Anápolis, mas atento aos principais acontecimentos do cotidiano em todo o estado de Goiás. Produz reportagens que informam, orientam e traduzem os fatos que impactam diretamente a vida da população.

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