Cidade brasileira registra sensação térmica de –29 °C e parece até cidade da Europa
Ainda que não se trate de uma cidade europeia, o frio histórico fez jus ao adjetivo

A manchete poderia bem sair de um filme — imagine uma cidade no Brasil onde o ar corta como se estivesse no leste europeu e não em pleno Hemisfério Sul.
Pois é exatamente esse cenário que chama atenção na serra catarinense, mais especificamente no Morro da Igreja, localizado entre os municípios de Urubici e Bom Jardim da Serra (SC).
Em uma das madrugadas mais geladas de sua história, ali a sensação térmica atingiu −30 °C, um banho de realidade para quem acha que frio intenso é exclusividade de outros hemisférios.
Frio de cortar o fôlego: o que está por trás do “−30 °C” brasileiro
Durante uma incursão polar histórica, registrou-se que o termômetro marcou valores negativos —7,4 °C em Urubici, mas, graças à altitude de cerca de 1.800 metros no Morro da Igreja e aos ventos impiedosos, a sensação térmica despencou para até −30 °C.
Embora o registro de −29 °C ou menos tenha sido amplamente divulgado, é preciso considerar que se trata de sensação térmica — não da temperatura real que, oficialmente, nunca chegou tão baixo nas estações citadas.
A sensação térmica, como bem explica o órgão meteorológico local, leva em conta ventos, umidade e radiação térmica — fatores que agravam a “sensação” de frio. Nessa região serrana, a topografia elevada favorece a rápida perda de calor e a formação de massas de ar seco, condições ideais para essas medições extremas.
Por que o Sul do Brasil “vira Europa”?
As serras de Santa Catarina — e especialmente esse trecho da Serra Geral — reúnem condições que lembram regiões frias de alta latitude: altitudes elevadas, ventos fortes que entram por vales, ar de origem polar que desce da Antártica. Para efeito histórico, o dia 29 de junho de 1996 marcou o recorde de temperatura registrada: −17,8 °C no Morro da Igreja.
Esse fenômeno não é apenas curiosidade: serve como alerta sobre mudanças climáticas e extremos meteorológicos. Em estudo recente, cientistas identificaram que eventos de temperaturas extremas — tanto de calor quanto de frio — estão ganhando intensidade no Brasil.
E a cidade parece Europa?
É aí que entra a comparação: ao amanhecer, cobertores gelados, ar que incomoda no rosto, geadas por toda parte — quem estiver em condições normais de vida nas cidades brasileiras dificilmente vai à rua nessa visão.
Para muitos, a imagem remete a vilarejos alpinos ou escandinavos. Ainda que não se trate de uma cidade europeia, o espetáculo climático conferido por essa madrugada fez jus ao adjetivo.
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