Lavar o arroz antes de cozinhar: a ciência tem a resposta
A prática de lavar o arroz é comum nas cozinhas brasileiras, mas os motivos reais não são exatamente aqueles que muita gente pensa

O arroz está presente na mesa de praticamente todas as famílias do país, mas o jeito de preparar o grão ainda divide opiniões.
Muita gente insiste em lavá-lo antes de cozinhar, outras pessoas pulam essa etapa sem culpa, e há quem diga que a lavagem ajuda a deixar o arroz mais soltinho.
Porém, quando a ciência entra na discussão, o resultado é bem diferente do que o senso comum costuma defender.
Lavar o arroz não altera textura ou maciez
Um dos argumentos mais repetidos é o de que lavar o arroz removeria o excesso de amido e deixaria o grão menos pegajoso.
Mas testes comparando diferentes tipos como o arroz jasmim, o de grão médio e o glutinoso mostraram que a lavagem não muda a viscosidade nem a dureza final.
Essas características não dependem do amido superficial, mas da amilopectina, que sai de dentro do grão durante o cozimento e varia conforme a variedade usada.
Ou seja: lavar três, cinco ou dez vezes não deixa o arroz mais soltinho, como muita gente acredita. O resultado final depende muito mais do tipo de arroz do que da lavagem.
Retirar sujeiras ainda é útil
A lavagem continua tendo uma função prática: remover poeira, pedrinhas, cascas e pequenos resíduos que podem aparecer em lotes mal processados.
Isso vale principalmente para arrozes que não passaram por seleção industrial mais rigorosa.
Também existe quem lave o grão por medo de bactérias, mas o calor do cozimento elimina qualquer microrganismo comum.
O problema, na verdade, está em guardar arroz cozido em temperatura ambiente, porque isso permite que esporos de Bacillus cereus sobrevivam ao cozimento, se multipliquem e liberem toxinas que causam intoxicação alimentar — e esses compostos não são destruídos ao reaquecer.
O motivo mais importante para lavar o arroz hoje
Com o aumento do uso de plásticos na cadeia alimentar, estudos identificaram microplásticos em diferentes alimentos, incluindo o arroz. A lavagem pode reduzir até 20% desses fragmentos, o que já é considerado um ganho significativo.
Outro ponto importante é a presença de arsênico, um elemento tóxico que pode se acumular no arroz dependendo do solo e da água de cultivo.
A lavagem consegue remover parte desse metal — em alguns casos, até 90% — embora também acabe levando embora minerais benéficos como ferro, cobre, zinco e vanádio.
A recomendação é simples: lavar o arroz e variar mais o consumo de grãos, como feijão, lentilha e grão-de-bico, para compensar nutrientes perdidos.
Então, devo lavar ou não?
A resposta científica é equilibrada: lavar o arroz não muda textura, não deixa mais soltinho e não faz diferença no cozimento, mas ajuda a reduzir microplásticos, arsênico e impurezas físicas, o que faz a prática valer a pena.
No fim das contas, o hábito segue útil — só não pelos motivos que muitos imaginam.
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