Cientistas brasileiros fazem descoberta que pode curar o Alzheimer
Substância inspirada em vespa do Cerrado mostra promessa real contra o declínio da memória

Quando se fala em Alzheimer, muitos pensam apenas na velhice, no esquecimento e nos desafios diários.
Mas no interior de um laboratório no Cerrado brasileiro, há quem aposte numa solução radical, e vinda de um lugar inusitado: da peçonha de uma vespa.
Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) acreditam que desenvolveram um composto capaz de frear, e talvez reverter, os danos causados pela doença.
Da natureza ao laboratório: a vespa que desperta esperança
A vespa social Polybia occidentalis, comum na biodiversidade brasileira, guarda em sua peçonha um peptídeo chamado octovespina, ao qual os cientistas deram nova forma em laboratório.
Esse peptídeo bioinspirado demonstrou, em modelos animais, a capacidade de impedir a formação de placas de beta‑amiloide, proteína cujo acúmulo é um dos marcadores da doença de Alzheimer.
O estudo, que integra física, farmácia, nanotecnologia e neurofarmacologia, é coordenado pela professora Luana Cristina Camargo, e conta com apoio da FAP-DF.
De acordo com ela, a octovespina modificada conseguiu reverter déficits cognitivos em testes comportamentais com roedores, o que representa um avanço importante diante dos tratamentos atuais, que apenas desaceleram a evolução da doença.
Do laboratório ao humano: os desafios ainda à frente
Apesar dos resultados promissores, a transformação desse achado em um medicamento acessível é longa, e cheia de etapas.
Os pesquisadores buscam um método de aplicação eficaz: a via intranasal aparece como a mais promissora, por ser menos invasiva e permitir que a substância alcance o cérebro sem degradar-se.
Entre os desafios estão a necessidade de maior infraestrutura laboratorial, financiamento adequado e a realização de testes clínicos que comprovem segurança e eficácia em humanos, inclusive com aprovação da Anvisa. A equipe alerta: por enquanto, tudo está em fase experimental.
Mas, se o caminho for bem-sucedido, a aposta é ousada: um tratamento eficaz, de origem nacional, capaz de interferir diretamente na causa da doença, e não apenas aliviar seus sintomas.
Para as mais de 1,2 milhão de pessoas que convivem com Alzheimer no Brasil, segundo estimativas mais recentes, a descoberta da UnB traz um farol de esperança.
Ainda que seja preciso manter cautela, o trabalho mostra de forma clara como a combinação entre biodiversidade, ciência e inovação pode abrir portas para respostas urgentes.
Se tudo der certo, a memória perdida poderá ganhar uma nova chance, literalmente da palma da natureza.
Siga o Portal 6 no Google News fique por dentro de tudo!








