Uma das praias mais famosas do Brasil abriga um navio naufragado há mais de 100 anos cuja verdadeira história pouca gente conhece
Visitada, muito querida, bem frequentada sempre, mas guarda algumas particularidades que muita gente nem imagina

Uma das praias mais famosas do Brasil, Arraial do Cabo (RJ) guarda um fragmento de história quase centenária: os destroços do navio Imbetiba, encalhado há mais de 140 anos ali na encosta da Praia Grande.
O caso é pouco conhecido do grande público e evidencia como as belezas naturais por vezes escondem segredos profundos e revela como o turismo e a memória histórica convivem nesse recanto carioca.
Construído em ferro no estaleiro inglês Lewis & Stockwell, com lançamento em meados da década de 1870, o Imbetiba era um vapor de cabotagem da companhia Macaé & Campos que fazia a rota entre o Rio de Janeiro e o norte fluminense.
Na noite de 10 de setembro de 1881, com 14 pessoas a bordo e carga diversa, a embarcação partiu do Rio em direção a Macaé. Cerca de meia-noite, envolta por cerração densa próxima à costa, bateu em um banco de areia, na área da Praia da Massambaba, trecho que conecta à Praia Grande.
Apesar de tentativas iniciais de desencalhe que chegaram a libertar o navio de uma primeira imobilização, o vento sudoeste e a movimentação da areia durante o mar agitado condenaram o Imbetiba a permanecer preso definitivamente na areia.
A tripulação conseguiu desembarcar com segurança, e os passageiros caminharam até a praia com água na altura do peito. Foram mobilizadas outras embarcações, mas nenhuma conseguiu rebocar o navio de volta ao mar.
Desde então, o casco permanece enterrado sob a areia, entre 2 e 4 metros de profundidade, paralelo à orla da Praia Grande.
O que torna o caso ainda mais singular é a visibilidade excepcional das águas de Arraial do Cabo, resultado das correntes marítimas e da ressurgência de águas profundas, o que permite que o fundo do mar seja avistado com nitidez em trechos rasos.
Com isso, o naufrágio do Imbetiba transformou-se em uma atração turística não convencional: em dias de maré favorável e visibilidade limpa, é possível ver os restos da embarcação durante um mergulho ou com snorkel a apenas 1,5 metro de profundidade; de pontos elevados da costa, pode-se observar a sombra escura que marca o esqueleto do casco.
Para além do turismo, o naufrágio do Imbetiba é parte de uma memória histórica intensa: a geografia acidentada, os bancos de areia e os ventos fortes transformaram Arraial do Cabo em um verdadeiro “cemitério de naufrágios”, com múltiplas embarcações perdidas ao longo dos séculos.
Hoje, a história do Imbetiba mescla passado e presente, um convite a mergulhar não apenas nas águas transparentes, mas também nas profundezas da memória, onde o mar preserva seus segredos por gerações.
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