Ipasgo: porque votamos contra a cobrança que penaliza dependentes e servidores

A defesa do Ipasgo é uma defesa permanente, porque a saúde não pode ser tratada como despesa, mas como investimento social

Antônio Gomide Antônio Gomide -
Ipasgo: porque votamos contra a cobrança que penaliza dependentes e servidores
(Foto: Igor Caldas)

A defesa do Ipasgo é, antes de tudo, a defesa da saúde de milhares de famílias goianas. Estamos falando de um patrimônio construído ao longo de seis décadas pelos servidores públicos do nosso estado, sustentado por contribuições e por um pacto de solidariedade. Por isso, não poderíamos concordar com a forma como o governo estadual conduziu a recente mudança que impõe cobrança aos dependentes do plano.

Votamos contra a nova cobrança porque ela atinge cerca de 600 mil usuários do Ipasgo, entre servidores e dependentes. Trata-se de uma decisão que recai sobre famílias inteiras, muitas delas já pressionadas pelo aumento do custo de vida e pela ausência de políticas de valorização do funcionalismo.

Em Anápolis, que representamos na Assembleia Legislativa, os efeitos dessa medida atingem 32 mil servidores e dependentes que utilizam o Ipasgo, em uma cidade que passa por um momento complicado na saúde pública. Qualquer alteração no modelo de custeio precisa considerar essa realidade e ser amplamente debatida com quem será diretamente afetado.

A proposta aprovada estabelece cobrança mensal equivalente a 30% da tabela atuarial, com valores que variam conforme a faixa etária, podendo chegar a mais de R$ 300 por dependente. O problema não é apenas o valor, mas o método. O projeto foi encaminhado sem diálogo com o Conselho Deliberativo do Ipasgo e sem a participação das entidades representativas dos servidores, rompendo um princípio básico de gestão democrática.

Essa decisão não pode ser analisada de forma isolada. Ela se soma a uma sequência de medidas que, ao longo dos últimos anos, têm reduzido direitos e garantias do funcionalismo público estadual. A falta de reposição integral da data-base, o fim da licença-prêmio, a não devolução da titularidade do plano e a venda do Hospital do Servidor compõem um cenário que exige reflexão e responsabilidade.

Qualquer ajuste financeiro precisa considerar esse contexto e buscar soluções que preservem o acesso, sem transferir o ônus exclusivamente para os usuários.

Defendemos que o debate seja retomado com transparência, dados claros e participação efetiva dos servidores. O equilíbrio financeiro do Ipasgo é importante, mas ele não pode ser alcançado às custas da exclusão gradual de dependentes ou da diminuição da cobertura assistencial.

Seguiremos acompanhando os efeitos dessa nova regra e apresentando encaminhamentos para proteger o direito à saúde de professoras e professores, policiais, enfermeiras, médicos e de tantos outros profissionais que cuidam, educam, protegem e mantêm os serviços públicos funcionando, bem como de suas famílias.

A defesa do Ipasgo é uma defesa permanente, porque a saúde não pode ser tratada como despesa, mas como investimento social e compromisso do Estado com quem sustenta os serviços públicos de Goiás.

Siga o Portal 6 no Instagram: @portal6noticias e fique por dentro das últimas notícias de Goiás!

Antônio Gomide

Antônio Gomide

Atualmente, é deputado estadual pelo PT em segundo mandato na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Foi prefeito de Anápolis por duas vezes e vereador na cidade por quatro vezes. Escreve sempre às segundas-feiras.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

+ Notícias