Salário mínimo em 2026: empresa pagará por mês muito mais do que o trabalhador recebe

Diferença entre o custo total do emprego e o salário líquido mostra como o dinheiro some antes de chegar ao trabalhador

Gabriel Yuri Souto Gabriel Yuri Souto -
salário mínimo em 2026
(Foto: Reprodução)

O salário mínimo de 2026 trará um reajuste que, à primeira vista, representa ganho para o trabalhador. No entanto, por trás do valor depositado mensalmente no contracheque, existe uma realidade pouco conhecida: o custo total para a empresa é muito maior do que aquilo que o funcionário efetivamente recebe.

Com o novo mínimo projetado em R$ 1.621, o impacto vai além do salário bruto e envolve uma série de encargos obrigatórios que elevam significativamente o gasto mensal do empregador.

Quando se fala em salário mínimo, muita gente acredita que o valor anunciado é aquilo que o trabalhador recebe. Em 2026, porém, a realidade é bem diferente.

A conta ajuda a entender por que tanta gente sente que trabalha muito e recebe pouco, mesmo com carteira assinada.

Quanto o trabalhador poderia receber

Para manter um empregado CLT que ganha salário mínimo em 2026, a empresa desembolsa, mês a mês, um valor que ultrapassa R$ 3 mil. Esse é o custo real do posto de trabalho quando se somam salário, encargos, benefícios e provisões legais.

Se todo esse dinheiro fosse transformado diretamente em remuneração, o trabalhador poderia receber algo próximo de R$ 3.040 a R$ 3.100 por mês.

Na prática, isso significaria mais do que dobrar o salário mínimo oficial e garantir uma renda muito mais compatível com o custo de vida atual.

Quanto realmente cai no bolso

Do salário mínimo bruto de R$ 1.621, o trabalhador tem descontos obrigatórios, principalmente a contribuição ao INSS, que gira em torno de R$ 129 por mês. Com isso, o valor líquido que entra na conta fica em aproximadamente R$ 1.490.

Ou seja, menos da metade do custo total do emprego chega, de fato, ao trabalhador. O restante se perde antes de chegar ao bolso, mesmo sendo dinheiro gerado pelo próprio trabalho.

Quanto vai custar um empregado CLT em 2026

Para entender melhor essa diferença, é preciso destrinchar a conta. Em 2026, considerando o salário mínimo, o custo mensal aproximado de um empregado CLT envolve:

  • Salário base de R$ 1.621,00
  • FGTS de 8%, no valor de R$ 129,68
  • INSS patronal de 20%, somando R$ 324,20

Além disso, entram os benefícios mais comuns. Um vale-refeição médio de R$ 20 por dia, considerando 22 dias úteis, gera um custo mensal de R$ 440.

Já o vale-transporte, calculado em R$ 10 por dia, totaliza R$ 220, mas com o desconto legal de R$ 97,26 feito no salário do trabalhador, o custo efetivo para a empresa fica em R$ 122,74.

Também entram as provisões obrigatórias. As férias com adicional de um terço exigem uma reserva mensal de R$ 180,11, além de R$ 14,41 de FGTS e R$ 36,02 de INSS sobre esse valor.

O 13º salário gera uma provisão mensal de R$ 135,08, acrescida de R$ 10,81 de FGTS e R$ 27,02 de INSS.

Somando todos esses valores, o custo mensal de um único empregado CLT que recebe salário mínimo em 2026 ultrapassa os R$ 3 mil.

Para onde vai o dinheiro que não chega ao trabalhador

A diferença entre o que o trabalhador recebe e o que o emprego custa está espalhada em encargos, contribuições e reservas obrigatórias. Parte vai para a Previdência, parte para o FGTS, parte fica retida em provisões de férias e 13º salário.

Esses valores existem para garantir direitos futuros, mas, no dia a dia, não aliviam o orçamento de quem depende do salário mensal para viver. Na prática, o trabalhador “vale” muito mais do que recebe, mas o dinheiro não passa por suas mãos.

Por que a sensação é de trabalhar muito e ganhar pouco

Essa estrutura ajuda a explicar um sentimento comum entre trabalhadores CLT: o de que o esforço não se reflete na renda. O custo do trabalho é alto dentro do sistema, mas o salário líquido continua baixo frente ao custo de vida.

Em 2026, mesmo com reajuste do salário mínimo, a distância entre quanto o trabalhador custa e quanto ele recebe segue grande — e continua sendo um dos principais dilemas do mercado de trabalho brasileiro.

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Gabriel Yuri Souto

Gabriel Yuri Souto

Redator e gestor de tráfego. Especialista em SEO.

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