Empresário surpreende e decide dar R$ 2,4 milhões de bônus para funcionários
O que estava ali dentro não era apenas um prêmio simbólico. Era um valor capaz de mudar uma história inteira

Ninguém imaginava que aquela mesa improvisada na calçada, perto da fábrica, seria o cenário de um dos momentos mais marcantes da vida de Lesia Key. Após quase três décadas de trabalho, ela foi chamada pelo chefe, ouviu um agradecimento pelos 29 anos de dedicação e recebeu um envelope nas mãos.
Bastou abrir para as lágrimas aparecerem — e não foi só ela: o próprio empresário, Graham Walker, precisou segurar a emoção.
O que estava ali dentro não era apenas um prêmio simbólico. Era um valor capaz de mudar uma história inteira. E Lesia não foi a única: o gesto se repetiria para centenas de pessoas que ajudaram a construir a empresa ao longo dos anos.
A família de Walker fundou, no estado da Louisiana (EUA), a Fibrebond, fabricante de gabinetes para equipamentos elétricos.
No começo deste ano, como administrador do negócio, ele decidiu vender a companhia para a multinacional de gerenciamento de energia Eaton por US$ 1,7 bilhão — cerca de R$ 9,4 bilhões. Mas antes de assinar o contrato, colocou uma condição que surpreendeu até os mais experientes do mercado: 15% do valor da venda teria que ir diretamente para os funcionários.
A proposta, segundo relato do The Wall Street Journal, transformou a negociação em algo raro no mundo corporativo. No total, foram disponibilizados US$ 240 milhões (aproximadamente R$ 1,1 bilhão), divididos entre os empregados.
A partir de junho, cerca de 540 trabalhadores começaram a receber, em média, US$ 443 mil — algo em torno de R$ 2,4 milhões — pagos ao longo de cinco anos, desde que permanecessem na empresa durante esse período. Funcionários com mais tempo de casa ganharam quantias ainda maiores.
Walker afirmou que queria recompensar quem permaneceu ao lado da empresa mesmo nos momentos mais difíceis. Para ele, era justo que “quase um quarto de bilhão de dólares” fosse para as mãos de quem ajudou a sustentar o negócio.
Do lado da Eaton, um porta-voz reforçou que o acordo foi fechado com uma empresa familiar que honra compromissos tanto com seus empregados quanto com a comunidade.
No dia em que os valores começaram a ser anunciados, a reação foi de incredulidade. Teve gente achando que era pegadinha. Só depois de confirmar que era real, cada um passou a decidir como usaria o dinheiro: quitar dívidas, trocar de carro, pagar faculdade dos filhos, investir na aposentadoria ou finalmente realizar viagens adiadas há anos.
O impacto ultrapassou os muros da Fibrebond. A cidade onde a empresa fica, Minden — com cerca de 12 mil habitantes — sentiu o efeito imediato da movimentação de dinheiro.
O prefeito Nick Cox observou que os bônus viraram um grande incentivo para o município, já que a Fibrebond é a maior empregadora da região. Segundo ele, a repercussão aumentou principalmente por conta do consumo local, impulsionado pelos funcionários que passaram a gastar nos comércios da cidade.
Como o bônus virou “virada de chave”

(Foto: Divulgação)
Lesia Key entrou na Fibrebond em 1995 recebendo US$ 5,35 por hora. Com o tempo, cresceu na empresa e, no início de 2025, liderava uma equipe de 18 pessoas. Com o bônus, quitou a hipoteca da casa e realizou um sonho antigo: abrir uma boutique de roupas em uma cidade próxima. “Antes, vivíamos de salário em salário. Agora posso viver tranquila”, celebrou, dizendo que se sentia grata.
Outro funcionário, Hector Moreno, que atua no desenvolvimento de negócios, decidiu transformar o bônus em memória: pagou uma viagem para Cancún reunindo 25 familiares.
Já Hong Blackwell, gerente assistente e funcionária de longa data, quase se aposentou antes da venda. Foi convencida por um amigo a esperar — e a decisão mudou tudo.
Ao saber que existia uma cláusula de permanência por cinco anos, ficou desanimada, até descobrir que a regra valia apenas para quem tinha menos de 65 anos. Ela tem 67.
“Louvado seja o Senhor!”, comemorou, contando que chorou e pulou ao saber que poderia receber e se aposentar. Com o dinheiro, comprou uma Toyota Tacoma para o marido e pretende guardar a maior parte, planejando algumas viagens no futuro.
Walker, que deixará a companhia em 31 de dezembro, disse que uma das coisas que mais gostou foi acompanhar as reações e ouvir as histórias sobre como o bônus mudou vidas. Ele pediu que os funcionários continuem contando os próximos capítulos dessa transformação. E resumiu o desejo com uma frase simples: espera que, aos 80 anos, ainda receba e-mails sobre como aquela decisão impactou alguém.
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