Novo estudo da USP monitora Covid longa usando relógio inteligente
Pesquisa quer melhorar o acompanhamento de quem está acometido por síndrome e identificar fatores de risco
(FOLHAPRESS) – Uma nova pesquisa desenvolvida pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP utiliza relógios inteligentes (também chamados de smartwatches) para monitorar pacientes que sofrem de Covid longa.
O estudo, apresentado nesta semana na 27ª Feira Hospitalar, em São Paulo, pretende melhorar o acompanhamento de quem está acometido pela síndrome e também identificar os principais fatores biológicos associados a ela.
A Covid longa ocorre quando pacientes continuam com problemas de saúde mesmo após semanas do diagnóstico para o coronavírus. Diversos estudos têm tentado identificar os mecanismos por trás desses danos, em busca de soluções.
Linamara Rizzo Battistella, professora titular de fisiatria da Faculdade de Medicina da USP e pesquisadora principal do estudo, explica que uma dificuldade em casos de doenças crônicas é assistir a longo prazo os pacientes.
O problema já é reconhecido, tanto que a concepção desse projeto era voltada de forma genérica para doenças crônicas. Mas, com o crescimento dos casos de Covid longa, os pesquisadores optaram por se concentrar nessa condição.
A ideia é entender “como monitorar o paciente para que ele esteja tranquilo a distância”, sem perder os dados necessários para observar a evolução da Covid longa, explica a professora.
Contando com 80 participantes, a pesquisa faz com que eles utilizem relógios inteligentes da marca Samsung com sensores que mensuram dados do organismo. As principais informações são frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória e saturação do oxigênio.
“Eu consigo ter as informações em tempo real. Na plataforma que foi desenvolvida, nós olhamos para essas questões e sabemos exatamente se o paciente está evoluindo, estacionado ou se piorou”, explica Battistella.
Para a pesquisadora, o acompanhamento constante por meio dessa tecnologia é uma vantagem porque permite também uma avaliação de dados registrados em diferentes circunstâncias cotidianas, como em momentos de atividades físicas.
Para averiguar se as informações obtidas pelo aparelho são fidedignas, os pacientes também passam por exames no hospital. Os pesquisadores então comparam os dois resultados para confirmar se o monitoramento do relógio condiz com os resultados dos exames.
É esperado que os voluntários continuem sendo monitorados no mínimo até o final do ano, mas isso depende também da permanência ou não dos sintomas da Covid longa.
Os dados compilados no estudo devem também auxiliar a identificar quais são os marcadores biológicos mais associados à síndrome de pós-Covid.
“É preciso entender quais os parâmetros que realmente importam e que têm maior atenção em casos de Covid longa para uma intervenção mais urgente. Isso só vai ser possível com o monitoramento”, afirma a professora.
Para além da Covid longa, o estudo também quer tirar lições para a melhoria do acompanhamento de pacientes com outras doenças crônicas, sem que precisem se deslocar para centros médicos. A transmissão de dados para as equipes de profissionais, algo que pode ser impulsionado com a tecnologia 5G, é vista como um dos caminhos futuros para a medicina.
“É um projeto que vai oportunizar melhorar o nosso modelo de atendimento. Por outro lado, vamos continuar desenvolvendo novas estratégias”, conclui Battistella.