Cientistas descobrem que bactérias do intestino conseguem “falar” diretamente com neurônios e isso pode mudar a medicina

A pesquisa mostra que essa relação é muito mais próxima e complexa do que se imaginava

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
Cientistas descobrem que bactérias do intestino conseguem “falar” diretamente com neurônios e isso pode mudar a psiquiatria
(Foto: Ilustração/Freepik)

As bactérias do intestino já eram conhecidas por sua influência na saúde, mas uma nova descoberta mostrou que elas vão muito além da digestão.

Pesquisadores revelaram que esses microrganismos conseguem se comunicar diretamente com neurônios, algo que pode transformar a forma como entendemos o cérebro e abrir novos caminhos para a psiquiatria.

Até pouco tempo atrás, acreditava-se que as bactérias do intestino só afetavam o cérebro de forma indireta, por meio do sistema imunológico ou da circulação sanguínea.

Agora, a ciência mostra que essa relação é muito mais próxima e complexa do que se imaginava.

Cientistas descobrem que bactérias do intestino conseguem “falar” diretamente com neurônios e isso pode mudar a medicina

O estudo, realizado por cientistas da Universidade Complutense de Madrid em parceria com a Universidade de Turim, demonstrou que bactérias vivas conseguem modificar a resposta de neurônios apenas pelo contato físico.

Esse achado, publicado na revista Scientific Reports e divulgado pela National Geographic, representa um verdadeiro marco para a biomedicina.

O experimento do “minicérebro”

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores criaram em laboratório um “minicérebro” a partir de células nervosas extraídas de ratos. Em apenas 14 dias, essas células se conectaram de maneira semelhante ao tecido cerebral real.

Sobre essa estrutura, foi aplicada a bactéria Lactiplantibacillus plantarum, comum no intestino humano e presente em alimentos fermentados como iogurte e picles.

O resultado surpreendeu: as bactérias se fixaram na superfície das células nervosas sem invadi-las. Apenas o contato foi suficiente para alterar a atividade elétrica e a expressão genética dos neurônios.

O que isso significa para a saúde

Segundo os cientistas, esse tipo de comunicação pode estar relacionado a processos como plasticidade neuronal, inflamação e até doenças do sistema nervoso.

O primeiro autor do estudo, Juan Lombardo Hernández, destacou que é possível que bactérias e neurônios compartilhem um “código bioelétrico comum”, o que abre espaço para pensar em novas terapias.

Implicações clínicas

Se as bactérias do intestino podem influenciar diretamente a atividade dos neurônios, novas abordagens no tratamento de doenças psiquiátricas e neurológicas podem surgir.

Isso também reforça a importância de manter um microbioma equilibrado, já que fatores como alimentação, uso de antibióticos e infecções podem alterar esse diálogo.

O corpo como sistema interligado

Hoje se estima que existam cerca de 100 trilhões de bactérias do intestino. É um número tão grande que supera a quantidade de estrelas na Via Láctea. Essa imensidão mostra como a microbiota é essencial para a saúde. A

o entendermos melhor como ela “conversa” com o sistema nervoso, abre-se a possibilidade de desenvolver terapias neuroativas que utilizem bactérias vivas ou inativadas para regular funções cerebrais e melhorar a qualidade de vida.

O estudo confirma que as bactérias do intestino não são apenas coadjuvantes na digestão, mas verdadeiras parceiras do cérebro.

Essa comunicação direta com neurônios pode revolucionar a psiquiatria e trazer novas formas de tratar doenças, reforçando a visão de que corpo e mente funcionam como um sistema único e integrado.

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com o Portal 6 desde 2022, atuando principalmente nas editorias de Comportamento, Utilidade Pública e temas que dialogam diretamente com o cotidiano da população.

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