Por que chamamos “Zé” quem se chama “José”? A origem dos apelidos mais comuns do Brasil
De “Zeca”, “Zezé” e até “Zé ninguém”, saiba o que há por trás desse jeitinho de chamar as pessoas

Antes mesmo de existirem certidões, povos já reduziam nomes para aproximar, brincar ou humanizar, e o Brasil herdou essa prática como parte do próprio tecido social. Hoje, quando chamamos alguém de “Zé”, poucas pessoas param para pensar: por que esse “curto” apelido representa tantos Josés? E por que tantos outros nomes também têm versões populares tão diferentes?
Mergulhe conosco nessa história que conecta alfabetos antigos, afetos íntimos e a cultura brasileira de dar nome.
Por que chamamos “Zé” quem se chama “José”? A origem dos apelidos mais comuns do Brasil
O nome José tem origem hebraica: Yosef, que significa “Deus acrescentará” ou “aquele que acrescenta”. A versão portuguesa manteve a sonoridade e força religiosa, especialmente com São José como figura proeminente no cristianismo.
Dada essa presença forte, José tornou-se um dos nomes mais registrados no Brasil: no censo de 2010, o país já contava com mais de 5,7 milhões de pessoas com esse nome, cifra que ainda o mantinha como um dos nomes mais comuns entre homens.
De José para Zé existe um salto natural de sonoridade: “Zé” funciona como um hipocorístico, ou seja, uma forma carinhosa ou reduzida de José. Reduzir o nome decorre de um impulso humano: encurtar para tornar íntimo, próximo, fácil de pronunciar. Segundo o Dicionário Informal, “Zé” é uma abreviação informal de José e costuma ser usada nos contextos coloquiais e familiares.
Mas “Zé” foi muito além de simples apelido: ele virou figura simbólica. Para além do nome real, “Zé ninguém” é expressão usada para designar alguém considerado comum, sem destaque, ou seja, aquele José genérico entre tantos outros. A expressão ilustra como o apelido atravessou domínios culturais e linguísticos.
Também há outras variações bem conhecidas: “Zeca” para José Carlos, “Zezé” para Maria José, entre outras formas híbridas que misturam nomes compostos.
E o fenômeno dos apelidos no Brasil vai muito além do Zé. Usamos encurtamentos, sufixos carinhosos (“-inho”, “-inha”), trocas de sílabas ou até substituição completa: por exemplo, Eduardo vira Dudu, Fernando vira Nando. Segundo o blog da língua portuguesa da Transparent, José vira Zé nesse padrão cultural forte de apelidar nomes comuns.
blogs.transparent.com
O apelido funciona como sinal de convivência: quando chamam “Zé”, há proximidade, intimidade, até uma certa democratização do trato — é mais direto, menos formal, mais humano. Ele carrega camadas de história, crença e sociolinguística, mas ainda vive no concreto do dia a dia — na chamada do vizinho, no “Ei, Zé!”, no personagem popular que representa o homem comum.
Siga o Portal 6 no Instagram: @portal6noticias e fique por dentro das últimas notícias de Goiânia!